O desemprego é um reflexo direto das condições macroeconômicas de um país. Hoje, o Brasil vivencia um momento de queda no número de desempregados, sinal de uma recuperação econômica, mas por outro lado, a renda do trabalhador diminuiu. É o que constata pesquisa realizada pela CNDL — Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e pelo SPC Brasil — Serviço de Proteção ao Crédito, em convênio com o Sebrae — Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.
O levantamento foi tema do episódio desta semana do Varejo S.A. Podcast, que contou com a participação de Karoline Lima, profissional de RIG – Relações Institucionais e Governamentais, e Merula Borges, especialista em Finanças. As duas especialistas compõem o time da CNDL.
No programa #61, Merula Borges falou sobre o perfil do desempregado brasileiro, com base no estudo, divulgado este mês. “A maioria é mulher e das classes C, D e E (97%). Também são jovens (de 18 a 24 anos) que possuem Ensino Médio ou Ensino Superior incompleto e não falam outro idioma. 37% já fizeram algum tipo de curso profissionalizante”, aponta.
“O Ensino Profissionalizante pode ser uma alternativa para o trabalhador que está em busca de uma vaga, uma vez que a maioria não tem nem essa qualificação. Por outro lado, ficou evidente que o Ensino Médio e o Ensino Superior completo não é mais tão relevante na hora de conseguir um emprego, já que a maior parte tem esses níveis de escolaridade”, acrescenta Merula Borges.
Apesar dos números do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostrarem aumento na quantidade de ocupados, nos últimos meses, a recuperação segue mais lenta para as mulheres. Além das 6,5 milhões de desempregadas, há mais de 41 milhões de brasileiras fora da força de trabalho.
Ainda de acordo com o perfil identificado, os desempregados brasileiros têm em média de 33 anos e quase 60% têm filhos. A renda média é de R$ 2.060. “A renda média do trabalhador diminuiu para 1.7 salários-mínimos, em comparação a 2020. Ou seja, o trabalhador está recebendo hoje em torno de R$ 606 a menos”, relata Karoline Lima.
“Este dado também deve ser olhado levando em consideração o mapa de empresas no Brasil. O número de trabalhadores que perderam o emprego e a quantidade de pessoas que precisaram abrir um (CNPJ de) MEI – Microempreendedor Individual foi relativamente proporcional, no período. Então, tivemos uma mão de obra, que antes estava formalizada, precisando abrir um MEI para continuar prestando serviços e manter sua sobrevivência”, avalia a profissional de RIG.
“A gente sabe que com a pandemia as empresas passaram uma dificuldade muito grande, com relação às vendas, faturamento e capital de giro. Muitas empresas do setor de Comércio e Serviços acabaram fechando no período e outras buscaram soluções alternativas para sobreviverem. Agora, as vendas estão melhorando e os negócios voltaram a contratar, mas para manter o equilíbrio do caixa – em recuperação –, reavaliaram o valor a ser pago para a mão de obra”, adiciona.
Ouça o bate-papo entre as especialistas no episódio #61 do Varejo S.A. Podcast:
*Com colaboração Ester Cavalcante e de Marina Barbosa.
Edição: Fernanda Peregrino.