A Varejo S.A conversou com o presidente da FCDL-AM, Ezra Ben Zion, para entender como que o estado saiu de uma condição de calamidade para uma bem-sucedida experiência de retomada do comércio.
Depois do pico de casos de Covid-19, em maio, o estado do Amazonas passou a um estágio de redução progressiva nos números de diagnosticados e mortos pelo coronavírus. Na última semana de junho houve uma redução de 11% em relação ao período anterior, o que consolidou a tendência de queda da incidência da doença na região. Essa foi a senha para a retomada das atividades econômicas no estado.
A volta das atividades está se dando de maneira gradativa e obedecendo etapas rigorosas de controle, um raro exemplo de recuperação responsável, fruto do trabalho intenso do governo do Amazonas em parceria com as entidades e organizações que uniram forças para salvar a população da pandemia e os negócios da falência.
Conversamos com presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Amazonas, Ezra Ben Zion Manoa, para entender como se deu essa virada sanitária e econômica no estado.

O Amazonas foi um dos primeiros estados a sentir os efeitos mais severos da pandemia. Como foi a reação das autoridades e de entidades como a FCDL-AM?
No final de março, nós participamos de uma reunião emergencial com o governador Wilson Miranda. No encontro, a FCDL-AM solicitou a criação de um grupo que reunisse todas as entidades de classe e que contasse, entre outros, da Fundação de Vigilância Sanitária (FVS), as secretarias de estado, contadores e Abrasel. A ideia era fazer um comitê gestor de crise.
O secretário de planejamento da cidade criou o grupo e, a partir daí, empresários e governo começaram a trilhar um caminho da retomada. Acreditamos que esse foi o sucesso do Amazonas. Uma solução conjunta e muito organizada. Podemos observar que ainda não tivemos nenhum tipo de problemas em relação a novos picos. Ainda existe o vírus, mas todos os protocolos de segurança foram tomados. Nós estamos colhendo os frutos de um trabalho bem organizado que foi feito entre a iniciativa privada e o poder público.
Como se deu o processo de reabertura do comércio no Amazonas?
Aqui no Estado do Amazonas o Governo Estadual dividiu a reabertura do comércio em ciclos. Começamos a operar no dia 1º de junho com o primeiro ciclo, onde foi possível abrir as lojas de confecções, calçados e joias, além dos shoppings, que tiveram o funcionamento alterado das 14h até às 20h.
No segundo ciclo entraram as lojas de departamento de eletroeletrônicos e restaurantes. Foi um pouco mais robusto! O Centro de Manaus trabalhou sempre no horário integral desde a primeira fase. Em sequência, os shoppings alteraram o horário de atendimento com abertura às 12h, fechando às 20h e funcionando 8h por dia, desde o dia 15 de junho.
No dia 29 de junho foi a abertura do terceiro ciclo com bares, academias, templos religiosos e afins. O comércio já estava completo, os shoppings continuam trabalhando de 12h as 20 e o Centro em horário normal.
E como o senhor tem observado a retomada do comércio?
Nós temos visto um crescimento muito bom das vendas nos comércios de bairros e centro, muito relacionado à questão da ajuda emergencial do Governo Federal. Os R$ 600 disponibilizados para a população ajudaram os mais carentes, o que gerou uma reação em cadeia. Eles compram nos bairros, os bairros se abastecem nos distribuidores do centro da cidade, os distribuidores vendem mais e, consequentemente, compram mais, fazendo a engrenagem rodar.
O resultado foi que junho foi um mês acima da média para a maioria das pessoas. Mas existem segmentos que ainda estão sentindo bastante a crise, principalmente os de alto luxo ou aqueles em que a classe média é impactada. Estamos vendo as pessoas que consomem com o ticket médio mais baixo, como o caso da classe C e D, fazendo comparas em dinheiro vivo, que é o que recebem do auxílio, e a classe B, A+ e A- um pouco mais receosos com relação aos gastos.
Quais são as perspectivas para o comércio e serviço do Amazonas a curto e médio prazo?
O comércio do Amazonas já está funcionando e estamos na torcida para que não tenha um segundo pico de contágio. Acreditamos que se continuarmos seguindo as orientações necessárias vamos conseguir, aos poucos, reagir diante dessa crise. A longo prazo, a perspectiva é de que os empresários passem a viver para sempre o novo normal, tendo que se adequar às novas formas de empreender e inovar em suas lojas e comércio em geral.
Quais lições essa crise está deixando para a entidade e para os varejistas?
As lições que podemos destacar diante de tudo isso como entidade e varejistas é que precisamos estar unidos e atentos a tudo, buscando formas diferentes de melhorias contínuas e se adaptando ao novo normal. A união faz com que possamos chegar mais longe e com mais força.