Canudinhos na mira
O Rio de Janeiro é a capital brasileira precursora da proibição do uso de canudos plásticos em toda a cidade. O objetivo da iniciativa é […]

O Rio de Janeiro é a capital brasileira precursora da proibição do uso de canudos plásticos em toda a cidade. O objetivo da iniciativa é combater o lixo plástico, um dos principais causadores da poluição marinha.
A recente decisão, tomada pelo prefeito da cidade, teve boa aceitação da sociedade carioca e a expectativa é que bares, restaurantes, barracas de praia, vendedores ambulantes e similares passem a usar canudos feitos de materiais biodegradáveis ou recicláveis. Apesar de não haver um prazo determinado para a medida entrar em vigor, a mudança já é sentida pelos cidadãos. O projeto prevê multa de até R$ 3 mil aos estabelecimentos que descumprirem a lei.
O material usado na fabricação de canudos é o poliestireno ou polipropileno e a vida útil desse utensílio é de apenas quatro minutos aproximadamente. O problema é que, assim como outros resíduos, os canudos acabam no mar e são engolidos por animais que morrem sufocados. Recentemente, vídeos viralizaram na internet mostrando o estrago que um simples canudinho pode causar na vida marinha.
Há um crescente movimento global de despoluição das águas e cidades brasileiras como Cotia dão exemplo. A cidade paulistana foi a primeira a proibir a venda e distribuição de canudos plásticos e desponta como pioneira entre os centros urbanos focados na adoção de medidas práticas em defesa do meio ambiente. Iniciativas como essa já foram implementadas em cidades no Canadá, Estados Unidos e Inglaterra e os resultados são apreciados pelos moradores desses centros.
Mas toda mudança de hábitos – e por que não dizer cultural – traz desafios. Apresentar opções que agradem e atendam às necessidades dos diferentes usuários pode não ser tarefa fácil para fabricantes e donos de estabelecimentos. Além disso, há, por exemplo, o caso das pessoas com deficiência física que precisam utilizar o canudo de plástico para a ingestão de alimentos e contestam que o utensílio seja banido do mercado. Profissionais que atendem a esse público argumentam que as opções apresentadas nas versões de metal, bambu e vidro não o atendem, uma vez que não são dobráveis, tampouco podem ser facilmente higienizadas.
Alternativas
Apesar de os canudos poderem ser reciclados, assim como as tampas de garrafa, acabam em sua maioria sendo jogados no lixo e levam aproximadamente 400 anos para se decompor na natureza. Preocupadas com os enormes danos ao meio ambiente, sociedades de várias partes do mundo estão criando alternativas para a substituição desse utensílio. Canudos comestíveis e biodegradáveis têm merecido destaque dentre as iniciativas com êxito, nas mais diversas cidades do planeta.
Açúcar, gelatina bovina e amido de milho são alguns dos componentes usados por fabricantes de canudos comestíveis que pretendem substituir aqueles feitos de plástico. Nesse sentido, a tendência é que os estabelecimentos ofereçam aos clientes opções que não agridam a natureza.
Segundo Helen Rodrigues, proprietária da empresa Mentah, que produz canudos de vidro há um ano, no Rio de Janeiro, além da preocupação com o meio ambiente, é fundamental que a sociedade esteja atenta a todos os produtos que contêm plásticos.
O tema do uso de canudinhos plásticos, especificamente, levanta ainda o questionamento sobre a eficácia do sistema de reciclagem e, também, da utilização de recursos naturais. “Há uma tendência ao retorno de bens duráveis ao mercado. A quantidade de itens que são descartados no lixo, após apenas três ou quatro minutos, é enorme e precisa ser reduzida”, afirma.
A empresária aponta como outra vantagem do canudo de vidro a facilidade de mantê-lo higienizado. Também destaca que o mercado vem se tornando cada vez mais interessante ao prestigiar pequenos produtores locais, como as costureiras que confeccionam as capinhas de proteção para os canudos de vidro. “Além disso, essa versão que apresentamos ao mercado é produzida com material atóxico”, reforça.
Na dúvida? Confira os materiais alternativos ao plástico e conquiste seus clientes com esse diferencial:
– Canudos de papel: facilmente encontrados em lojas de festas, decompõem-se facilmente e são resistentes, não quebrando facilmente.
– Canudos de vidro: podem ser reutilizados várias vezes e permitem limpeza rápida e segura.
– Canudos de silicone: flexíveis e reutilizáveis, são uma boa opção para crianças e pessoas com dificuldade de alimentação. Fornecedores brasileiros podem ser encontrados na internet.
– Canudos de metal: existem diversos tipos de metal, então é recomendável verificar a origem do material. Estão disponíveis em diferentes formatos e diâmetros.
– Canudos de bambu: opção mais natural, são reutilizáveis, duráveis, fáceis de lavar e leves. Existem diversas opções nacionais que desenvolvem o produto de forma artesanal.
– Canudos de palha: sim, opção utilizada nos séculos passados, o canudo de palha era fabricado com sobras da colheita de grãos. São poucas opções de fornecedores no mercado nacional, mas estes canudos são biodegradáveis e se decompõem naturalmente.