Como a sobrecarga afeta a vida profissional das mulheres
Confira entrevista com duas especialistas em recursos humanos, diversidade e inclusão, e conheça formas de empoderar as mulheres da sua equipe
Confira entrevista com duas especialistas em recursos humanos, diversidade e inclusão, e conheça formas de empoderar as mulheres da sua equipe
No Brasil, a maior parte das mulheres está exausta com o acúmulo de responsabilidades. As brasileiras precisam dar conta, muitas vezes sozinhas, do sustento dos filhos e da casa, do trabalho doméstico e das refeições. Segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, quase metade das casas brasileiras são chefiadas por mulheres, ou seja, são 34,4 milhões de domicílios que têm mulheres como responsáveis financeiras.
Além de trabalhar fora para sustentar casa e família, elas gastam, em média, mais de 61 horas por semana em atividades não remuneradas, segundo estudo da Think Olga (TO), a partir de dados do IBGE. É a famosa “dupla” ou “tripla” jornada de trabalho. “Um esforço que equivale a 11% do PIB – Produto Interno Bruto”, registrou a TO, em seu relatório.
“Temos uma crescente participação feminina na força de trabalho, o que impacta na necessidade de equilíbrio entre homens e mulheres quanto às responsabilidades binárias. Porém, a participação masculina nas demandas familiares não tem evoluído na mesma medida cultural. Esse desencontro acaba gerando sobrecarga para as mulheres, que ainda são as maiores responsáveis pelo cuidado de familiares e nas atividades domésticas”, explica Julia Piccolomini, líder de Diversidade e Inclusão na Hash, plataforma que oferece soluções financeiras para empresas.
Desta quantidade de horas, 21,4 horas foram dedicadas exclusivamente para cuidar de familiares e serviços domésticos. “O trabalho de cuidados não pago das mulheres equivaleria a US$ 10,8 trilhões. Apenas quatro economias no mundo ficariam acima desse valor”, acrescentou a Think Olga.
Desigualdade de gênero
Nos últimos dois anos, a sobrecarga de tarefas e obrigações aumentou mais ainda para as mulheres. Segundo a pesquisa “Sem parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia”, realizada pela Gênero e Número em parceria com a Sempre Viva Organização Feminista, em 2020, 50% das mulheres brasileiras passaram a cuidar de alguém no período. Ainda de acordo com o levantamento, das mulheres que seguiram trabalhando durante a pandemia com manutenção de salários, 41% afirmaram trabalhar mais na quarentena.
“Poucos foram os casos relatados de homens dividindo tarefas, e em muitos casos, as mulheres cuidaram da família, dos pais de ambos e ainda dos cônjuges. Isso exaure o físico, mental, emocional e espiritual dessas mulheres, que estão sugadas pelas demandas e lutando diariamente para serem ‘super’ mulheres”, avalia Samanta Lopes, coordenadora MDI – Mestre de Diversidade Inclusiva da ‘um.a #DiversidadeCriativa’, agência de live marketing.
No entanto, dados do relatório Progress of the World’s Women 2019-2020, produzido pela ONU Mulheres, revelam que, mesmo antes da pandemia, as mulheres realizavam quase três vezes mais tarefas não remuneradas e trabalho doméstico do que os homens. Mais da metade (54,6%) das mulheres casadas ou em união estável cuidam sozinhas das tarefas domésticas e 34,6% dividem com o cônjuge.
Metade (50,3%) das que já são mães cuidam a maior parte do tempo sozinhas dos filhos quando eles estão em casa, principalmente aquelas das classes C/D/E (52,7%). Por outro lado, 26,5% dividem igualmente essa responsabilidade com o cônjuge, com destaque para as que são das classes A/B (35,4%).
“Temos duas situações distintas aqui: nos últimos cinco anos, muitas mulheres precisaram empreender para garantir o sustento da família, sem sequer terem noções do que seja um fluxo de caixa, precificação, nem como gerir um negócio. Começam vendendo algo que sabem fazer muito bem, como bolos e salgados, e vão ‘tateando’ para conseguirem sobreviver dessa renda. Outro grupo, relativamente menor, possui uma vida bem-organizada e consegue fazer escolhas, definir como querem investir em suas carreiras e sua renda lhes permite essa autonomia. O que mudou nos últimos anos foi a discussão do porquê as mulheres têm de escolher entre carreira e família. Será que não é possível ter ambos e ser boa nos dois papéis? Algumas mulheres conseguiram mostrar que sim. Sem romantizar, sabemos que não é simples nem fácil, mas é possível”, explica Samanta Lopes, que há alguns anos participa como voluntaria de projetos sociais.
A equipe da Varejo S.A. conversou com Julia Piccolomini e Samanta Lopes sobre os desafios da mulher brasileira na gestão de trabalho, negócios, casa e família.
Samanta se define como “pessoa da diversidade, mulher, negra, nascida na periferia da Zona Leste de São Paulo e estudante de escola pública, que desde muito pequena era incentivada pelos pais e professores a expor suas ideias”. Há cerca de cinco anos, acompanha de perto questões sobre violência doméstica contra a mulher e de diversidade nas empresas.
Já Julia se descreve como “mulher, cis, branca, bissexual, umbandista e possui uma deficiência física chamada distrofia muscular de cinturas”. Tem formação em Artes Cênicas e cursa MBA de Gestão de Pessoas na USP – Universidade de São Paulo. Atualmente, é Chief People Officer da agência e produtora Freakout e integra o coletivo Vale PcD em prol da visibilidade e equidade das pessoas com deficiência.
Confira o bate-papo:
De que forma a sobrecarga de responsabilidades tem impactado a mulher brasileira socialmente e sua saúde?
Julia Piccolomini – Temos uma crescente participação feminina na força de trabalho, o que impacta na necessidade de equilíbrio entre homens e mulheres quanto às responsabilidades binárias. Porém, a participação masculina nas demandas familiares não tem evoluído na mesma medida cultural. Esse desencontro acaba gerando sobrecarga para as mulheres, que ainda são as maiores responsáveis pelo cuidado de familiares e nas atividades domésticas.
De acordo com a Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, diversos estudos demonstram a associação entre os efeitos negativos do conflito trabalho-família com os diversos malefícios de saúde física e mental, tais como: depressão ou exaustão emocional e saúde cardiovascular. No campo social, a sobrecarga reduz os benefícios de bem-estar do emprego e fortalece a “síndrome da impostora” que abala a autoestima de muitas mulheres, fazendo-as acreditarem que “não merecem estar em determinados espaços”.
Samanta Lopes – Desde 2018, acompanho mais de perto os vários relatos sobre abusos de todos os tipos envolvendo mulheres por todo o mundo. Organizo com alguns parceiros o Inovathon Combate à Violência Doméstica, onde há grande participação de mulheres, inclusive de outros estados e países e de várias áreas – como saúde, jurídica, assistência social, entre outras –, e algumas foram vítimas ou conhecem vítimas de violências diversas. Infelizmente, nos chegam relatos, para além dos dados disponíveis nas mídias por pesquisa bibliográfica, sobre sequestros, violência moral, violência psicológica, violência física, abuso sexual, abuso financeiro, feminicídios e sobrecarga de tarefas e obrigações que pesam apenas sobre elas.
A pandemia agravou o quadro de isolamento e a falta de possibilidades de denúncias, pois além de estarem contidas convivendo com as pessoas agressoras, muitas foram demitidas ou ficaram sem suas redes de apoio – como a escola, babás e outras pessoas que ajudavam na organização cotidiana, incluindo as faxineiras, motoristas das vans escolares, entre outros –, que garantem algumas janelas de tempo ou permitem focar em atividades profissionais. Sozinhas, precisaram suprir a maior parte ou todas as tarefas de responsáveis da casa.
Poucos foram os casos relatados de homens dividindo tarefas, e em muitos casos, as mulheres cuidaram da família, dos pais de ambos e ainda dos cônjuges. Isso exaure o físico, mental, emocional e espiritual dessas mulheres, que estão sugadas pelas demandas e lutando diariamente para serem ‘super’ mulheres.
E devido a herança patriarcal na qual vivemos, se pedem ajuda ou reclamam, são criticadas. E infelizmente, muitas vezes, a família apoia a pessoa agressora dizendo que a vítima é a parte incompetente. É uma luta injusta.
Esta sobrecarga é o principal motivo pelo qual as mulheres não conseguem investir nos próprios projetos e carreiras e assumir posições de liderança?
Julia Piccolomini – A sobrecarga é um dos motivos, mas é importante ter a consciência de que ela é fruto da construção social do Brasil que parte do patriarcado. Por isso, há muitas barreiras de acesso cultural para as mulheres, ainda mais considerando todas as suas interseccionalidades. Dentre essas barreiras, estão a falta de oportunidades de emprego e desenvolvimento de carreira em equidade, violência doméstica, transfobia, entre outras. Nós na Hash temos o compromisso de quebrar essas barreiras do machismo e de desenvolver um mercado de tecnologia cada vez mais inclusivo para as mulheres.
Samanta Lopes – Temos duas situações distintas aqui: quando estamos falando da população em geral, principalmente das mulheres no Brasil, mas também da América Latina e Central, são mulheres com renda entre um terço e metade do que ganham os homens. Muitas com grande dependência das famílias, cônjuges ou de projetos sociais, como o Bolsa Família, que não pagam o suficiente para que consigam autonomia pessoal e uma vida melhor.
Nos últimos cinco anos, muitas precisaram empreender para garantir o sustento da família, sem sequer terem noções do que seja um fluxo de caixa, precificação, nem como gerir um negócio. Começam vendendo algo que sabem fazer muito bem, como bolos e salgados, e vão “tateando” para conseguirem sobreviver dessa renda. Algumas faturam um salário-mínimo ou pouco mais, no entanto, todas sofrem com diversos reveses: a incerteza de gerar negócios todos os dias e as responsabilidades do lar, que não ‘desaparecem’ porque estão trabalhando. Por isso, sempre que podem, continuam buscando recolocação no mercado de trabalho formal, em busca de segurança.
Outro grupo, relativamente menor, possui uma vida bem-organizada e consegue fazer escolhas, definir como querem investir em suas carreiras e sua renda lhes permite essa autonomia. Elas definem como querem seguir e, em sua maioria, iniciam com formação superior, casamento, um afastamento para cuidar dos filhos e a retomada da carreira depois que eles passam dos 10 anos ou pouco antes.
O que mudou nos últimos anos foi a discussão do porquê as mulheres têm de escolher entre carreira e família. Será que não é possível ter ambos e ser boa nos dois papéis? Algumas mulheres conseguiram mostrar que sim e isso tem motivado outras a encontrarem formas de atender a seus anseios profissionais e pessoais em paralelo sem enlouquecerem. Sem romantizar, sabemos que não é simples nem fácil, mas é possível.
Como superar esta “sobrecarga” de forma que as mulheres possam investir mais em suas carreiras/negócios e conquistar cargos de liderança?
Julia Piccolomini – Na Hash temos uma área de D&I – Diversidade e Inclusão onde a pauta de igualdade de gênero é emergencial e um dos principais pilares estratégicos para a sustentabilidade da Hash. Temos um comitê de gênero com várias pessoas embaixadoras da causa realizando ações de conscientização e pertencimento, como a “Conta mais, Mulher!” que é uma roda de conversa de acolhimento e apoio só para mulheres, assim construímos uma cultura cada vez mais atenta às questões de gênero.
Além disso, temos ações afirmativas em parceria com o time Jurídico, auxiliando na política D&I e no canal de escuta; com Hiring, onde olhamos para a equidade nos processos seletivos, como o Programa Apodera, voltado para prestar apoio às pessoas de grupos minorizados que participam dos nossos processos seletivos; com o Desenvolvimento e Performance, workshop sobre protagonismo feminino e liderança para as mulheres neste mês de março; e o Rewards, com salários em equidade e licenças-maternidade inclusivas. A nossa estrutura remote first também garante que mulheres realizem suas atividades de forma flexível, tendo mais tempo para si, estando mais próximas de quem amam e conquistando mais qualidade de vida. Sabemos que ainda temos um caminho a trilhar, mas seguimos celebrando nossas conquistas e estruturando objetivos estratégicos de forma sólida para a equidade de gênero.
Samanta Lopes – Creio que precisamos criar nossas crianças de outra forma. Os modelos do que é ser mulher e do que é ser homem vem mudando há algum tempo, mas as cobranças sobre a mulher não.
Precisamos levar essa conversa para a infância e adolescência, fases em que as mentes estão abertas a entender que equidade não é igualdade, somos diferentes e isso é ótimo, por isso mesmo precisamos garantir que todas as pessoas tenham oportunidades e qualidade de vida, independentemente de seu gênero.
Filhos e casa são para a família, todas as pessoas precisam colaborar nos cuidados mútuos. Dividir tarefas domésticas, vale desde tirar pó, arrumar a cama até cozinhar e lavar roupas. Saber cuidar de uma casa garante autonomia para qualquer pessoa, ela saberá viver bem em qualquer lugar do mundo e, se necessário, saberá cuidar de alguém ou orientar para que a pessoa seja cuidada. Fazer permitirá que ela saiba o quanto é relevante o tempo e o esforço das outras pessoas e, certamente, ela irá colaborar mais para manter a ordem, que é boa para todas as pessoas que estão naquele lugar. Isso a acompanhará pela vida, seja nas relações ou no trabalho.
A partir desse senso de autonomia desde a infância, a pessoa se torna mais corajosa para enfrentar desafios. Quando encorajamos tarefas pequenas e celebramos, formamos a autoconfiança dos cidadãos que irão conduzir os anos futuros como jovens e adultos. A colaboração que é fomentada quando dividimos tarefas seguirá como uma habilidade natural, assim como um entendimento do que é criar listas, planejar, dividir esforços para chegar a resultados e celebrar quando está tudo feito.
Então, a depender de como ensinamos, veremos jovens chegando à idade adulta em condições de fazer melhores escolhas, porque saberão como é trabalhoso cuidar de uma família. A criança absorve exemplos mais do que palavras, então, se queremos que sejam corajosas, ativas, gostem de realizar atividades, temos de abrir espaço para que sejam assim desde pequenas.
Se as meninas só forem incentivadas a brincar de casinha e boneca sempre servindo, evitarem confrontos, sempre se sentarem de pernas fechadas como pequenas damas sem exigirem seus espaços, aceitando ‘interações’ que não gostam para ‘serem educadas’, nunca agirem com energia, como poderão ser futuras gestoras, financistas, economistas, presidentes de empresas ou de nações, astronautas e cientistas?
Se os meninos só forem incentivados a esportes que geram competição, violência, confrontos, jogos de guerra, sem exercitarem a fala, a expressão corporal, as relações baseadas em cuidado, a escrita, habilidades manuais, como poderão se tornar bons donos de suas casas, poetas, dançarinos, educadores de crianças pequenas, bons pais?
E sobre as mulheres crescidas, neste momento há várias iniciativas de cursos e formações em segmentos diversos. É importante buscar referências, ler matérias e artigos e buscar pessoas, até mesmo no Linkedin, pois muitas fazem parte de projetos e vale a pena conhecer melhor as propostas. No geral, são grupos que têm feito trabalhos incríveis e a rede de networking é excelente para os avanços na carreira e, muitas vezes, na vida.
De que maneira conscientizar a sociedade sobre a importância de dividir as responsabilidades sociais e familiares, reduzindo a sobrecarga para as mulheres?
Julia Piccolomini – Todas as pessoas carregam uma responsabilidade diante de uma sociedade inclusiva. É a partir da atitude de cada pessoa que transformamos uma cultura, por isso acreditamos que o movimento de reduzir a sobrecarga sobre as mulheres parte da conscientização. Todas as pessoas têm um papel fundamental neste movimento onde “o lugar da mulher é onde ela quiser”, e as empresas que também carregam essa responsabilidade social, podem acelerar todo o processo social de inclusão das mulheres.
Nós na Hash acreditamos que é a partir da consciência de falhas do passado e do presente que poderemos construir uma reparação histórica mais efetiva, então estimulamos que toda empresa, independentemente de seu segmento, foque no pilar estratégico de D&I, pois além de ser uma forma de otimizar seus negócios, também é a coisa certa a se fazer. Crie comitês de diversidade para ouvir e criar planos de ação com mulheres que atuam em sua empresa; direcione espaços para as falas delas e às reconheça; crie ações de conscientização para formar aliades e desenvolver uma cultura inclusiva; crie espaços de pertencimento para sororidade e redes de apoio; implemente treinamentos para formação de líderes inclusivos e equipes colaborativas; revise as políticas da empresa e códigos de condutas para a proteção das mulheres no ambiente de trabalho; revise todos os processos de pessoas buscando a equidade de gênero em todas as ações que envolvam a experiência das colaboradoras, desde o employer branding até o programa de desenvolvimento e performance; desenvolva produtos para consumidoras e clientes; se posicione e dissemine a prática de conscientização sobre a importância da inclusão. Vamos juntes acelerar essa luta.
Samanta Lopes – Volto à infância: se queremos que todas as crianças cresçam respeitando a si mesmas e as outras pessoas, precisamos dar essa base desde a primeira infância, elas precisam conviver com o diverso e aprender a respeitar as diferenças.
Elas precisam experimentar, descobrir do que mais gostam, entender que às vezes temos de fazer tarefas que nos cabem, mesmo não gostando porque é preciso para garantir o bem-estar maior; entender que cada um fazendo um pouco, todos ganham.
Ao conviver em grupos, devem ser incentivadas a entender que todos os trabalhos são dignos e necessários, que todas as pessoas têm talentos e podem fazer bem ao mundo quando os exercitam, é importante perceberem que uma casa precisa de gestão, de quem paga as contas. São pontos importantes, mas também é importante quem ajuda em outras atividades, porque por exemplo, se o lixo não for retirado, não houver limpeza, tudo vira um caos.
Uma pessoa só irá dividir tarefas com quem ela respeita. Se achar que a obrigação é do outro, certamente ficará acomodada, e se a outra pessoa está acostumada a servir, absorverá todas as tarefas, estará sempre cansada e nunca haverá um respeito mútuo.
Então, ensinar a todas as crianças e jovens o básico será fundamental para que sejam adultos conscientes do quanto tudo isso demanda, e de que dividir tarefas é criar um ambiente saudável, seja em casa, na escola, no trabalho e no mundo.
Essas mulheres serão firmes em exigir o que lhes cabe, porque aprenderão a negociar, inclusive a lutar quando necessário, assim não haverá sobrecarga, porque elas saberão dizer não e reconhecerão suas potencialidades.
E para aquelas que estão crescendo ou crescidas, é hora de começar a fazer escolhas. Isso dói porque temos de sair da zona de conforto, gera medo, insegurança, mas sem essa determinação pessoal de serem senhoras de seus caminhos, continuarão deixando que outras pessoas definam até onde podem chegar, e nesse caso, geralmente não será em um lugar de autonomia, prosperidade e independência, mas de servidão e muito cansaço.
Quanto aos que não são mulheres, deixo um lembrete: segundo dados da PNAD Contínua – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2019, no Brasil as mulheres são 51,8% da população, e “de acordo com uma pesquisa realizada em 2019, pelo Data Popular e pelo Instituto Patrícia Galvão, 85% das decisões sobre o consumo doméstico são tomadas pelas mulheres, o que tem levado muitas marcas a repensarem suas estratégias de marketing”. Se as empresas entenderam que as mulheres têm poder de escolha e devem ser respeitadas em suas decisões, é uma questão de omissão pessoal não abrir espaço para que sejamos parte integrante de um mundo mais humanizado e sustentável, digno para todas as pessoas.