Cansadas do que chama de “fast fashion”, em uma referência às grandes magazines, as amigas Camila Puccini, 24 anos, e Melina Amaro, 25, resolveram fundar a própria marca de vestidos em Porto Alegre: a ConceitoADA. O nome não é em vão. O conceito é o forte da empresa, que foi fundada, há um ano, no dia 8 de Março, no Dia Internacional da Mulher. “Não foi por acaso”, diz Melina.
Socióloga, feminista e vegana, ela aplica todos essas ideias em sua marca. Não usa tecidos de origem animal (seda e lã, por exemplo), não usa trabalho terceirizado, que para ela é a fonte de muito “trabalho escravo e exploração de mulheres” em grandes marcas. Só vende um produto: vesti dos, de todas as formas e tamanhos.
Um trunfo é a exclusividade. As peças são feitas apenas uma vez de 5 a 50 unidades exemplo. Depois, se for relançada, somente em cor e formato diferentes. “Nosso pilar é o slow fashion”, explica Melina referindo-se ao ritmo artesanal, por assim dizer, de produção.
As roupas são vendidas em uma loja coletiva (com várias marcas), todas de mulheres, na capital gaúcha. Mas também na internet, com curadoria de sites que levam em conta os mesmos valores de Melina e Camila, tais como feminismo e respeito aos animais. São eles OAK e Mais Alma. “Apesar de estarmos falando para a nossa geração (millenials) e suas demandas, temos tido grande aceitação de mulheres na faixa dos 40 anos ou mais. Justamente por vendermos vesti dos duráveis, sustentáveis e atemporais”, conclui Melina.
Para todos os gostos
Assim como as amigas gaúchas, uma dupla de jovens manauaras – Karla Santos, 28 anos e Gisely Mendonça, 31 – usou a criatividade para abrir mercado em uma capital brasileira. Acostumadas a criar “presentes surpresa” customizados para amigos, eram frequentemente solicitadas nas festas de Manaus. Até que resolveram abrir o próprio negócio, a Parada Surpresa, há três anos.
Não há loja física, tendência forte dos anos 10. “Vendemos principalmente pe-lo Instagram”, diz Gisely, com oito mil seguidores. O atelier é em casa. O que elas fazem? Cestas e caixas de MDF com uma diversidade de produtos, mas com um detalhe que faz toda a diferença. A designer Gisely cria no Adobe Ilustrator um tema para os presentes. Por exemplo, em vez de Stella Artois, na cerveja vem escrito “Jorge Duarte”.
Em vez de Moet Chandon, na champanhe, o rótulo aparece “Jéssica Rosany”. Ou seja, sucesso popular. Em vez do nome do homenageado, o tema pode ser de filmes, carros esportivos, times de futebol, seriados, bandas de rock e por aí vai.
“Depois de três anos, conseguimos triplicar o que ganhávamos com nossos antigos empregos “, comemora Gisely, que atuava como designer. A colega Karla trabalhava como gerente de uma loja de festas. Logo, percebe-se que utilizaram as experiências profissionais anteriores para criar o próprio negócio.
Hoje, elas trabalham quase full ti me, pois moram juntas. Recebem clientes em casa, para detalhamento dos pedidos ou por whatsapp mesmo. Nas datas comemorativas (Dia das Mães, Namorados, etc) chegam a contratar três pessoas (freelancer) para ajudá-las na produção. Já vendem, via Instagram, para todo o Brasil. “O segredo é que fazemos com amor, gostamos do nosso trabalho”, conclui Gisely.