Fim do DOC: quais os impactos no varejo?
Com a implementação do PIX, o DOC se mostrou limitado em relação à velocidade e custo e, com isso, acabou caindo em desuso.

Com a implementação do PIX, o DOC se mostrou limitado em relação à velocidade e custo e acabou caindo em desuso
Após quatro décadas de existência, as transferências via DOC (Documento de Ordem de Crédito) acaba hoje (15/1), às 22h, quando os bancos deixarão de oferecer o serviço de emissão e de agendamento, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas, para transferência entre instituições financeiras distintas. No entanto, até esse horário, ainda será possível o agendamento, mas a data-limite, neste caso, será 29 de fevereiro, quando o sistema será definitivamente encerrado.
“A descontinuidade do DOC é mais do que uma simples mudança de método, é uma transição para uma era mais eficiente e tecnologicamente avançada”, comenta Reinaldo Alkimin, product manager das soluções de pagamento da Sinqia, empresa que desenvolve tecnologia para o setor financeiro.
Além do DOC, também deixará de ser oferecida às 22h desta segunda-feira (15/1), a TEC (Transferência Especial de Crédito), modalidade por meio da qual empresas podem pagar benefícios a funcionários.
A TED (Transferência Eletrônica Disponível), por sua vez, será mantida. Utilizada principalmente para transferência de grandes valores, essa modalidade de transferência permite o envio dos recursos entre instituições diferentes até as 17h dos dias úteis, com a transação levando até meia-hora para ser quitada.
Em desuso
Com o avanço das tecnologias e a implementação do PIX – sistema de pagamento instantâneo do Banco Central –, o DOC se mostrou limitado em relação à velocidade e custo e, com isso, acabou caindo em desuso. Segundo levantamento da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), com base em dados do Banco Central, as transações por DOC somaram 18,3 milhões de operações no primeiro semestre de 2023, apenas 0,05% do total de 37 bilhões de operações feitas no período. Só para ter ideia da disparidade no número de transações, o Pix, a modalidade preferida dos brasileiros, teve 17,6 bilhões de operações.
O DOC também ficou bem atrás dos cheques (125 milhões), da TED (448 milhões), dos boletos (2,09 bilhões), do cartão de débito (8,4 bilhões) e do cartão de crédito (8,4 bilhões).
PIX na crista da onda
Para o time da InfinitePay, maquininha de cobrança/pagamento da fintech Cloudwalk, a medida não afetará os negócios de micro e pequeno porte, especialmente, porque o PIX é um sistema mais rápido e eficiente. Além disso, a maior parte das lojas físicas e online já estão adaptadas ao PIX, que agiliza o processo de checkout e melhorar a experiência do consumidor, por meio de QR Codes e links instantâneos.
“As transferências são feitas em tempo real, o que pode agilizar o fluxo de caixa e melhorar a experiência do cliente. O PIX é mais barato do que o DOC e a TEC. Em muitos casos, como na InfinitePay, as transferências via PIX são gratuitas, o que pode gerar economia para os pequenos negócios”, divulgou a equipe da InfinitePay em seu site.
Já Danilo Porto, sócio da QI Tech – startup de infraestrutura para serviços financeiros – lembra que o PIX é mais seguro do que o DOC e a TEC. As transferências são feitas por meio de um sistema criptografado, o que reduz o risco de fraudes. “Uma característica vital do Pix é seu nível avançado de segurança, com monitoramento das transações através das chaves e compartilhamento seguro de informações entre instituições via DICT. Isso garante transações seguras e permite a identificação de atividades suspeitas, promovendo maior integridade no sistema”, avalia Porto.
Na prática, o fim do serviço bancário DOC representa uma oportunidade para o varejo se adaptar a métodos de pagamento mais modernos e eficientes. A adoção definitiva do PIX pelos comércios pode trazer benefícios em termos de agilidade, redução de custos e melhorias na experiência do cliente.
Com informações de Agência Brasil, Febraban e O Globo .