IPGF cai 0,08% em setembro e acumula 3,63% em 12 meses
Os recentes resultados apontam para uma sutil reaceleração da inflação interanual a partir da substituição das leituras negativas de julho a setembro do ano passado, no entanto, o IPGF sugere que essa aceleração é menos acentuada que o indicado pelo IPCA.
O IPGF (Índice de Preços dos Gastos Familiares) variou -0,08% em setembro. Com esse resultado, o índice acumula elevação de 2,22% no ano e de 3,63% em 12 meses. No mesmo período, o índice oficial de inflação acumula 3,50% no ano e 5,19% em 12 meses. O resultado do IPGF de agosto, que fora divulgado como elevação de 0,03%, foi revisado conforme previsto metodologicamente: seu resultado foi uma inflação de 0,19%; ainda abaixo, mas mais próximo do resultado do IPCA à época: 0,23%.
Os recentes resultados apontam para uma sutil reaceleração da inflação interanual a partir da substituição das leituras negativas de julho a setembro do ano passado, no entanto, o IPGF sugere que essa aceleração é menos acentuada que o indicado pelo IPCA.
Em agosto, o IPGF acumulava 2,74% em 12 meses. No mesmo período do ano passado, o índice acumulado desacelerava de 8,83% em agosto de 2022 para 6,21% em setembro do mesmo ano (passando, pela primeira vez desde a pandemia, a acumular menos inflação que o registrado no IPCA).
O economista responsável pela pesquisa, Matheus Peçanha, comenta que essa tendência do índice se deve ao fato de que a construção dos pesos, entre outros fatores, possibilita a percepção do chamado “efeito substituição”.
“Quando, por exemplo, o consumidor substitui arroz por macarrão ou carne vermelha por carne branca, ou ainda deixa de consumir combustível e passa a usar mais o transporte público devido ao aumento de preços, os itens substituídos perdem peso na cesta de consumo das famílias e seus aumentos de preço passam a comprometer menos o custo de vida e vice-versa. Assim, no longo prazo, esse efeito acaba gerando um número menor de inflação”, explica Peçanha.
Evolução da inflação por grupos
A maior contribuição no terreno positivo para o índice se deve, novamente, ao grupo Transportes, que apresentava inflação de 1,10% em 12 meses até agosto e agora acelerou para 7,88% em setembro, graças, sobretudo, ao impacto dos combustíveis. Dentro do grupo, os itens que mais contribuíram para o avanço da taxa interanual foram a “gasolina” (de 3,94% para 16,56%); “etanol” (de -7,76% para 4,68%) e “óleo diesel” (de -22,81% para -10,93%).
Outros três grupos apresentaram aceleração: Alimentação (de -4,14% para -3,91%); Comunicação (de -6,72% para 1,56%) e Serviços Prestados às Famílias e Atividades Pessoais (de 5,43% para 5,54%). O grupo Educação manteve-se estável, acumulando alta interanual de 8,35%.
No caso do grupo Alimentação, apesar de acelerar em termos interanuais, sua manutenção em terreno negativo pelo quinto mês consecutivo foi a principal contribuição para a redução do índice (-0,24 pp).
Os cinco grupos restantes do IPGF apresentaram desaceleração em sua taxa interanual de agosto para setembro: Habitação (de 5,04% para 3,18%), Artigos de Residência (de -3,27% para -3,38%), Vestuário (de 4,06% para 3,81%), Saúde e Cuidados Pessoais (de 10,62% para 10,12%) e Despesas Pessoais (de 10,83% para 9,36%).
O índice de difusão do IPGF caiu, passando de 47,8% em agosto para 39,1% em setembro, ou seja, aproximadamente 4 em cada 10 itens apresentaram aumento de preço em setembro. A análise de sua média móvel de 12 meses indica o aprofundamento da redução do índice de difusão desde junho de 2022, quando o processo inflacionário começou a apresentar sinais de descompressão.
Fonte: FGV IBRE