[sc name=”legenda-foto-nome” nome=”Bráulio Bessa” texto=”Empreendedor Cultural”]
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Nada me comove mais em Central do Brasil do que a sua cena final. Antes de prosseguir e dizer por que essa cena me comove tanto, talvez seja necessário explicar que Central do Brasil é um premiado filme brasileiro, dirigido por Walter Salles, em 1998. Hoje, quase 15 anos depois, esse filme ainda me emociona.
Ao ganhar o Urso de Ouro no Festival de Berlim, Walter Salles disse, numa entrevista, que “Central do Brasil era um filme à procura de um País”. Muito desse País que o filme procura está no Nordeste; se é que não podemos dizer que Central é um filme à procura do Nordeste. O Nordeste distante dos sulistas, singelo, escondido, simples, belo.
[blockquote author=”” link=”” target=”_blank”]O que os olhos veem bem mais perto, o coração sente bem mais forte[/blockquote]
Central do Brasil e suas muitas cenas nordestinas dariam pano para muitos outros artigos; talvez eu venha a fazer isso. Nesse artigo, porém, quero deter-me exclusivamente na sua cena final, quando Dora, sem Josué do lado e partindo de volta ao Rio de Janeiro dentro de um ônibus, retira da bolsa um monóculo.
Ao escrever, também dentro do ônibus, uma carta para Josué, Dora, referindo-se à foto guardada no monóculo, diz: “no dia em que você quiser lembrar de mim, dá uma olhada no retratinho que a gente tirou junto. Digo isso porque tenho medo que, um dia, você também me esqueça”.
Fico pensando na razão que levou os humanos a inventarem a fotografia. Talvez seja porque, no fundo, todo humano tem medo de ser esquecido. Da mesma forma que, no Nordeste, para ser lembrado, não basta que se esteja guardado dentro do coração. É preciso também que se esteja guardado dentro de um monóculo.
Para ver no monóculo, deve-se colocá-lo bem pertinho do olho. E quanto mais perto, melhor. Porque “o que os olhos não veem, o coração não sente”, mas o que os olhos veem bem mais perto, o coração sente bem mais forte.