Prêmio em São Paulo estimula lideranças femininas no setor intensivo em tecnologia
Fazer com que pessoas que perderam a capacidade de falar possam acessar a própria voz e recuperar a identidade. Essa é a proposta de uma solução tecnológica desenvolvida pela Soul Vox, uma das seis startups lideradas por mulheres vencedoras da edição 2017 do Prêmio Mulheres Tech em Sampa.
O protótipo foi premiado pela inovação, uso da tecnologia e capacidade de oferecer esse serviço de saúde em escala. “Partimos de experiências profissionais e pessoais com pacientes e familiares que perderam a capacidade de falar. Pensamos em como melhorar a autoestima dessas pessoas, tivemos uma ideia e trabalhamos suas conexões”, conta Thais Romanelli, fisioterapeuta, em parceria com a fonoaudióloga Karina Pereira e a arquiteta Marina Vaz. Integra o grupo ainda o engenheiro Guilherme Vaz.
O protótipo foi essencial para que a artista plástica Ana Amália Barbosa recuperasse a capacidade de comunicar após um acidente vascular cerebral que, aos 46 anos, quase eliminou todos os movimentos do seu corpo.
A partir de uma solução tecnológica desenvolvida pela Soul Vox, ela passou a se comunicar usando as pálpebras dos olhos e o queixo em movimentos lentos que, por meio do protótipo, são transformados em comunicação com o uso de sua voz recuperada através de fitas VHS.
Ao apresentar essa solução e ser uma das vencedoras do prêmio Mulheres Tech em Sampa na edição deste ano, a Soul Vox passou a contar com apoio para estruturar a solução para que possa ganhar escala e auxiliar mais pessoas com problemas de perda da fala. A empresa também venceu, logo no início, duas premiações na área de saúde.
Quem é a Soulvox
Uma equipe multidisciplinar formada por arquitetos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, engenheiros de som e de computação e especialistas em tecnologia.
Público-alvo
Pessoas com limitações motoras na voz: pacientes de paralisia cerebral, câncer na cabeça ou pescoço, traumatismo craniano, pessoas que sofreram AVC ou que tem síndromes degenerativas, como o ELA.
A idealizadora do Mulheres Tech em Sampa e fundadora da Rede Mulher Empreendedora, Ana Fontes, conta que o prêmio foi criado em 2015 para incentivar mulheres a desenvolverem soluções de base tecnológica que possam ser replicáveis e ofertadas em grande escala.
A ideia do prêmio é fazer com as startups em particular e o mundo tecnológico como um todo não sejam vistos como área exclusivamente masculina, incentivando mulheres a idealizarem soluções intensivas em tecnologia.
“O universo das startups no Brasil e no mundo ainda é dominado por homens brancos e de classe média. A gente quer mudar isso e mostrar que existem muitas mulheres fazendo startups interessantes. E isso é crescente”, comentou Ana Fontes.
Juntamente com a Soul Vox, foram premiadas as startups “Beleza de Farmácia”, um aplicativo de smart choice que auxilia mulheres na compra de produtos de beleza; “Celebrar”, marketplace colaborativo de serviços para festas que conecta formandos a fornecedores de serviço; “Nahora.com”, plataforma de vendas relâmpago de passagens aéreas com até 50% de desconto; “Testr”, solução que facilita o acesso a testes de usabilidade; e “Vittude”, marketplace que conecta psicólogos e pacientes. Todas essa soluções foram desenvolvidas por mulheres.
As seis startups foram selecionadas em um grupo de 65 participantes e de 12 finalistas que apresentaram seus pitchs a uma banca de jurados formados por investidores e especialistas.
As experiências vencedoras passarão a receber, pelo período de seis meses, mentoria (consultoria em menor escala), acesso a espaços co-working, rodadas com os chamados investidores anjo e assessoria de imprensa para divulgação das ações e resultados.
“O prêmio é um reconhecimento que ajuda a criar uma rede de contatos e a abrir portas. A partir disso, a ideia é que essas startups ganhem visibilidade, apoio e iniciem um processo de aceleração para que ganhem escala”, diz Ana Fontes.
Ao fim de seis meses, a startup que apresentar o melhor desempenho receberá, para seus idealizadores, uma viagem à sede da Airbnb, no Vale do Silício (EUA).
O prêmio Mulheres Tech em Sampa é disputado em São Paulo e a intenção, conforme Ana Fontes, é ampliá-lo e torná-lo nacional. A meta é incentivar mais mulheres a desenvolverem negócios associados à tecnologia, que sejam convertidos em produtos e soluções e ofertados em escala.