Startup cria conselho só com executivas negras
Apenas 1,6% das diretoras e conselheiras são negras, mas especialistas afirmam que há pessoas qualificadas e que falta apenas oportunidade para ampliar essa representatividade

A política de diversidade da empresa de recrutamento e seleção 99Jobs estabeleceu um conselho de administração formado exclusivamente por seis mulheres negras, com experiências bem-sucedidas, para potencializar perspectivas diferentes e inovar. Todas têm currículos invejáveis, habilidades e competências complementares e pertinentes à estratégia do negócio. Em quatro reuniões ao longo do ano, as seis conselheiras trocaram experiências, aconselharam e desenharam estratégias para a companhia.
No board estão: Benilda Brito, mestre em gestão social, ativista pela Malala Foundation e CEO da Múcua Consultoria, com foco em diversidade e inclusão; Dilma Campos, CEO e fundadora da consultoria ESG Nossa Praia; Helena Bertho, diretora global de diversidade e inclusão do Nubank; Camila Valverde, diretora de impacto do Pacto Global da ONU no Brasi; Simone Nascimento, médica e consultora do Movimento Elas Lideram 2030 da ONU; Sabrina Nazario, engenheira elétrica e Chief Data Officer da empresa de energia Schneider Electric.
“O que falta para aumentar a representatividade de mulheres negras em conselho é só oportunidade”, diz Jandaraci Araújo, cofundadora do Conselheira 101, que capacita profissionais negras para conselhos de administração. “No programa, tivemos pessoas com mestrado, doutorado, que falam três idiomas, com vivência no exterior, e mesmo assim ainda passam por questionamentos sobre sua capacidade e precisam comprovar a sua experiência”. Ela pontua: “não é necessário baixar a barra”.
Araújo critica empresas que colocam uma pessoa negra em cargo alto para exibir que se preocupam com a diversidade, assim como aquelas que só dão oportunidade para as pessoas negras contribuírem com suas competências ligadas a diversidade e inclusão.
Elisângela Almeida, cofundadora do Conselheira 101, conta que, mais do que coach ou mentoria, o papel do Conselheira 101 é mostrar às participantes que elas podem ocupar posições em colegiados, e à sociedade, que existem mulheres negras capacitadas para estar nesses assentos. “As mulheres existem, sempre existiram. O que há é um problema de falta de falta de networking, que estamos resolvendo”, diz.
Das 106 participantes do Conselheira 101 de 2020 para cá, 47% estão em conselhos; outras tiveram movimentações relevantes na carreira. Almeida lembra, porém, que mais da metade das que ainda não estão em colegiados são as recém-formadas – a última edição foi concluída em meados de outubro. “Entre as da primeira turma, passa de 90% as que conseguiram um lugar”, cita.
Leia a matéria completa de Naiara Bertão para o Valor Econômico, clicando aqui.