Troco solidário
Pesquisa da FGV mostra que doação de troco depende do valor da compra, frequência à loja e altruísmo dos clientes. Clientes que frequentam mais assiduamente […]
Pesquisa da FGV mostra que doação de troco depende do valor da compra, frequência à loja e altruísmo dos clientes.
Clientes que frequentam mais assiduamente lojas e estabelecimentos comerciais são mais propensos a fazer doação de troco em suas compras. Essa é uma das principais conclusões de uma pesquisa inédita feita no Brasil pela Fundação Getulio Vargas (FGV), em parceria com o Movimento Arredondar e o grupo varejista Casino.
Realizada ao longo do ano passado, em 42 lojas Minuto Pão de Açúcar, em São Paulo, a pesquisa avaliou o comportamento do consumidor sobre sua capacidade de doar troco na hora de pagar as compras.
Entre os resultados mais interessantes, a enquete identificou que 37,5% dos consumidores que doaram troco voltaram a repetir o gesto na transação seguinte, indicando que o cliente que aceitou destinar valores a entidades beneficentes tem 67,0% de chance de voltar a praticar o ato.
Esse tipo de prática vem sendo incentivado pelo Movimento Doar, que busca disseminar no Brasil a cultura da doação, estimulando as pessoas a ceder centavos do troco para organizações sociais. “O Brasil é um país que tem histórico de doação e a tendência é que essa prática aumente”, afirma sua diretora operacional, Maria Bresser. Ao falar sobre a importância da pesquisa realizada pela FGV, destacou que, entre 2014 e 2016, foram feitas mais de cinco milhões de doações, que resultaram em R$ 735 mil.
Os valores foram destinados a 23 organizações sociais e ambientais vinculadas aos oito objetivos da Organização das Nações Unidas (ONU) para o milênio: redução da mortalidade infantil; eliminação da fome e da miséria; educação básica e de qualidade para todos; igualdade entre os sexos; melhora da saúde das gestantes; combate à AIDS e outras doenças; respeito ao meio ambiente; e todos pelo desenvolvimento.
A pesquisa também identificou que a decisão de doar está relacionada ao valor da compra. Em outras palavras, quanto maior for o valor da operação feita na loja, maior será a probabilidade de ceder os centavos do troco, lembrando que as doações individuais são feitas até o valor de R$ 1,00.
Foi verificado também que o valor é um fator decisivo: quanto menor for o valor do troco, maior será a probabilidade de doar. Segundo a pesquisa, das transações envolvendo troco inferior a R$ 0,10, 38,6% converteram-se em doações. Em outra vertente, apenas 5,7% das transações com troco acima de R$ 0,90 foram transformadas em doação.
Perfil dos doadores
1 – Consumidor engajado: responsável por 49% do total das doações feitas no ato da compra e em iniciativas que superam 70% das vezes que visitam os estabelecimentos comerciais.
2 – Consumidor ocasional: doa em 44%, em média, das vezes que visita as lojas e responde por 45% do total das doações.
3 – Consumidor doador raro/não doador: não é suscetível à influência de fatores situacionais. Para este grupo, a doação depende do valor do troco, do seu humor no dia, da interação com outros clientes ou a equipe da loja.
BOX:
Conclusões da pesquisa
– Chance de doar é maior quando pagamentos são feitos em dinheiro.
– Clientes que frequentam mais as lojas doam mais.
– 37,5% dos consumidores que doaram voltaram a repetir o gesto.
– Quanto maior o valor da compra, maior a probabilidade de doar.
– Quanto menor o valor do troco, maior a chance de doar os centavos.