Twitter: qual o futuro da plataforma?
Hoje, os negócios utilizam a plataforma para se aproximar e entender o humor de sua clientela, bem como para conquistar novos consumidores, principalmente, os mais jovens. Saiba mais como o Twitter influencia o Varejo.

Por Fernanda Peregrino e Luís Adolfo Barbosa

Foto: Nopparat Khokthong/Shutterstock
Mal Elon Musk assumiu o comando do Twitter – prometendo uma redução drástica na moderação de conteúdo –, e especula-se sobre o futuro da plataforma. Em menos de um mês, o bilionário foi responsável por demissões em massa – foram dispensados quase metade do quadro de colaboradores –, mandou implementar e desativar ferramentas e funcionalidades em pouco tempo e ainda comunicou aos funcionários restantes que ou eles dedicam mais horas ao trabalho ou podem deixar seus cargos.
Na semana passada, foi revelado que funcionários-chave da empresa pediram demissão, em reação ao estilo de gestão de Musk. Muitos desses profissionais – que agora a empresa tenta recontratar – atuavam com a neutralidade e moderação de conteúdos, impedindo a proliferação de fake news na rede e que algumas “vozes” sejam mais ouvidas que outras, se estiverem dispostas a pagar.
Por conta de toda essa crise, o termo #RIPTwitter – a sigla RIP significa “Rest in Peace” ou “descanse em paz”, em português – chegou a ser o assunto mais comentado da plataforma na noite de quinta-feira (18), com os internautas considerando um possível fim da plataforma. Inclusive, muitos usuários do Twitter estão criando contas na concorrente indiana Koo.
No Brasil, o app indiano Koo viralizou. No último sábado (19), passou a ser o app gratuito mais baixado na Play Store (Android) e App Store (iOS). Segundo a publicação Tilt, do UOL, um milhão de brasileiros baixaram o aplicativo, em 24 horas. Com a chegada em massa de tantos brasileiros, os donos da rede social da Índia prometeram colocar no ar, nos próximos dias, a versão em português.
Mas será que há realmente motivos para se preocupar? Será que as empresas deverão buscar novas plataformas? Ainda não é possível dizer, mas sabe-se que a rede social norte-americana é estratégica para os negócios e não perderá importância assim abruptamente. Hoje, os negócios utilizam a plataforma para se aproximar e entender o humor de sua clientela, bem como para conquistar novos consumidores, principalmente, os mais jovens.

Como o Twitter influencia o Varejo?
O Twitter se transformou em uma plataforma importante para os varejistas. Além de ser um espaço no qual os consumidores falam suas impressões sobre os produtos, com indicações entre si, é um local para a marca conversar com seus clientes. Para se ter ideia, atualmente, 76% das pessoas que participam de conversa sobre compras no Twitter foram influenciadas a comprar algum produto. O dado é da própria plataforma.
Entre janeiro e agosto de 2022, foram 48 bilhões de acessos a postagens relacionadas a compras de produtos, nas quais os usuários da rede social fazem indicações e reclamações e compartilham suas dúvidas, entre outros assuntos.
A facilidade de comunicação entre marca e consumidores invertem a lógica comum. No Twitter, são os produtos que encontram os consumidores, despertando interesse e, futuramente, gerando vendas. “Um exemplo do último ano foi a Olimpíada. Os produtos relacionados aos esportes tiveram um crescimento enorme nas publicações, e as vendas também cresceram. O skate foi o principal”, contou Nubiha Modesto, gerente de Marketing do Twitter Brasil, em evento online realizado pela plataforma.
“As próprias pessoas no Twitter fazem esse trabalho de divulgação de produtos e promoções. Apontam as boas ideias para as comunidades, criam threads e impactam diretamente os resultados daquela marca. Não só a timeline funciona como influenciadora, mas a aba ‘explorar’ também. Na época de lançamento do último Iphone, foram mais de 100 mil procuras sobre o assunto”, relata a gerente de marketing.
Os principais usuários da rede estão entre os 16 e 34 anos, representando mais da metade do total, sendo que 29% têm de 16 a 24 anos e 28% de 25 a 34 anos. “É importante entender esse dado para saber com quem você está dialogando”, diz Nubiha Modesto.
Para se tornar cada vez mais útil no relacionamento entre empresas e consumidores, o Twitter lançou, no fim do ano passado, a opção de conta profissional, contendo um conjunto de ferramentas exclusivas para marcas e negócios. “São várias funcionalidades e recursos lançados para ver como sua marca tem influenciado seus seguidores e os principais assuntos relacionados a sua marca. Tudo isso é ótimo para entender em que ponto a sua marca está”, explica a gerente.
Para a Magazine Luiza, a rede social é bom local para a Lu – classificada pela varejista como influenciadora virtual — interagir com o público-alvo. “Entender o Twitter é entender quais os assuntos do momento, quais assuntos a marca pode se relacionar e em quais conversas queremos que a marca seja mencionada. São insights (para a empresa), os quais entendemos e, depois, criamos campanhas (tudo baseado no que estas interações na rede apontam). O Twitter gera esse entendimento em tempo real, e é bastante importante para as nossas narrativas”, explica Bernardo Leão, diretor de marketing da Magazine Luiza.

Twitter também aposta no live shopping
Ainda em versão beta, a rede social também apostou no live shopping, com intuito de converter as transmissões ao vivo diretamente em vendas, facilitando o acesso aos produtos e ao preço deles. A primeira a testar o modelo foi a Samsung. Durante a live, foram mais de 2,4 milhões de visualizações. Segundo a fabricante de produtos tecnológicos, é o maior número conseguido pela marca entre as plataformas, incluindo até mesmo o YouTube.
“A Samsung busca sempre ações inovadoras, isso é parte do DNA da empresa. Já faz um ano que estamos fazendo lives commerces, e essa foi a primeira que realizamos no Twitter. Os números surpreenderam bastante. A qualidade de interações foi a principal relevância para nós, porque conseguimos adaptar o que for necessário em tempo real. O Twitter ajuda nesse desafio de manter o consumidor concentrado, trazendo engajamento e criando conexões”, fala Lúcia Bittar, diretora de marketing da Samsung.
Outra empresa a testar a funcionalidade de live commerce do Twitter foi a Farm. Em uma live com cinco horas de duração, a marca conseguiu mais de 2,8 milhões de visualizações. Esse resultado foi 40% maior do que as transmissõees que a marca está acostumada a fazer em outras plataformas. “A Farm entrou no universo de live commerce no começo da pandemia por meio do SOMA Labs. Entendemos que era uma necessidade durante a pandemia, mas rapidamente virou um fenômeno para a marca. Além de gerar muitas vendas, gera muito engajamento com as nossas consumidoras”, conta Felipe Figueiredo, head de Mídia da Farm, varejo de moda.
“Usamos as lives para lançar produtos e promoções, tudo em primeira mão para gerar engajamento. O Twitter nos possibilitou expandir muito a nossa audiência e trazer novos clientes, inclusive que realizaram a primeira compra na Farm através da live no Twitter”, acrescenta o head de Mídia da Farm.
Com informações de IstoÉ Dinheiro e Jota.