O poder da conexão emocional da marca com o consumidor

Fundadora e CEO da Pantys destaca o valor do contato com o público para gerar comunidades poderosas e fortalecer a marca no mercado.

Fundadora e CEO da Pantys destaca o valor do contato com o público para gerar comunidades poderosas e fortalecer a marca no mercado

A Pantys é uma empresa nascida e criada no Brasil, especializada em calcinhas e produtos absorventes. O empreendimento surgiu de uma maneira curiosa: com base em dados de uma pesquisa realizada com mulheres sobre as necessidades delas no período menstrual. O estudo também procurou entender como esse momento as impactava e qual era a demanda sobre os produtos que existiam no mercado. Além disso, números sobre a poluição gerada pelo descarte dos absorventes também foram analisados e considerados.

A empresa percebeu que, embora seja uma indústria (de produtos de cuidados femininos) que fatura US$ 30 bilhões globalmente, 96% das suas consumidoras não estavam satisfeitas com os produtos existentes no mercado. Emily Ewell, fundadora e CEO da Pantys, revela que as consumidoras procuravam por produto que ainda não estava disponível no mercado.

“Elas queriam produtos mais funcionais, sustentáveis, que evitassem vazamentos e, acima de tudo, fossem confortáveis e seguros. Era uma categoria que tinha muitas dores, e fomos atrás de uma solução para elas”, explicou Emily Ewell, durante o evento Digitail, realizado pela Gouvêa Experience na última semana.

Após a compreensão das demandas, a empresa buscou por tecnologia a fim de criar um produto que suprisse essas necessidades e, ao mesmo tempo, fosse sustentável. Hoje, a Pantys está presente não só no Brasil, mas em toda América Latina, e é líder no mercado estadunidense. Conta ainda com loja física e distribuidoras em vários segmentos do varejo, além de ter expandido seus produtos, desenvolvendo sutiãs absorventes para amamentação, uma linha de calcinhas absorventes para incontinência urinária e uma linha especial para homens trans.

O que podemos aprender com o case da Pantys?
1) As pessoas ao seu redor são as suas maiores aliadas na hora de escolher onde e como empreender. Converse com elas, entenda suas necessidades e veja onde tem uma oportunidade para apostar, que pode ser em algo considerado óbvio, mas que nem sempre é visto como uma oportunidade de negócio;
2) O contato com o seu futuro cliente é fundamental para criar vínculos, mas principalmente para a conversão e melhoria de produtos;
3) As redes sociais são aliadas nesse momento de descoberta e troca de informações;
4) Vale investigar as tendências de mercado e pesquisas sobre os temas citados durante as conversas com seus futuros clientes.

Bom para o empreendedor, o cliente e o planeta
Após essa primeira etapa de pesquisa, é hora de escolher o público-alvo e, principalmente, o produto. A equipe da Pantys ensina que além de resolver uma necessidade do consumidor, o produto gerar menos impacto para o meio ambiente.

A sacada da Pantys foi produzir um produto que é reutilizável e tem uma duração de 4 a 5 anos. “Oferecemos a substituição de absorventes descartáveis por produtos reutilizáveis. Uma substituição que é melhor para a consumidora e o planeta”, afirma a fundadora.

Segundo a fabricante de calcinhas absorventes, somente no Brasil, 15 bilhões de absorventes são descartados por ano. Segundo a iniciativa Recicla Sampa, um absorvente pode demorar até 400 anos para se decompor.

Para além do fator sustentabilidade, é preciso pensar na durabilidade e qualidade do seu produto. Segundo a pesquisa da Euromonitor, empresa internacional de pesquisa de mercado global, os consumidores estão mais comprometidos com a “ecoeconomia”, conceito que une economia e sustentabilidade, apostando em produtos duráveis e que gerem menos impactos no meio ambiente.

Foco no consumidor final e na mudança que você pode fazer
Como citamos anteriormente, a Pantys nasceu da dor de um grupo específico. Mas para ser líder no mercado, precisa criar um vínculo com o consumidor, uma identificação, além de escutá-lo.

 

“Nossa equipe de inovação é muito ligada ao digital e ao público. Ser nichado e ter um público específico é muito bom para o canal digital, pois você consegue focar e crescer em um mercado que tem um propósito muito forte”, explica Emily.

De acordo com a empreendedora, a marca só conseguiu produzir e crescer no mercado por conta dessa proximidade com o público e o feedback que eles dão para a empresa.

Então, é bom negócio criar uma comunidade que consuma, participe e apoie a sua marca. Esteja sempre atento ao que os seus clientes estão dizendo sobre o seu produto. Crie canais de comunicação e faça pesquisas para saber se as necessidades estão sendo atendidas.

“Do nosso segmento global, somos a marca que tem a maior comunidade do segmento e chegamos a passar o nosso maior concorrente dos Estados Unidos. Essa comunidade nos ajuda a ter um engajamento muito alto. Ter uma comunidade grande e fiel, vai além do engajamento, ajuda também a ter inspirações para inovações e sugestões para novos produtos e até no melhoramento dos antigos”, comenta a fundadora.

Para finalizar a palestra, Emily diz que é importante ter uma visão que vá além do varejo. “Pense não somente em vender produtos. Pense e faça a experiência completa, capacite o seu cliente sobre o seu produto, explique como funciona e como ele pode ser útil na vida do cliente”, comenta.

Fala ainda sobre o valor de ter um foco e um propósito, na hora de criar um produto e oferecê-lo para o consumidor.

 

“Não é sobre números, é sobre no final do dia criar uma conexão emocional com pessoas que são seu público e que querem se conectar com você, com a sua marca. Não foque em valores, foque em como você pode ser o agente da mudança”, encerra.

Edição: Fernanda Peregrino