Dia das Crianças deve movimentar 16,7 bilhões no varejo, apontam CNDL/SPC Brasil
Gasto médio previsto com presentes será de R$ 297. 70% dos consumidores devem comprar pelo menos um presente
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O varejo brasileiro deve movimentar cerca de R$ 16,73 bilhões neste Dia das Crianças, com 70% dos consumidores planejando ir às compras. Apesar da alta adesão, a pesquisa de Intenção de Compras 2025, realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas, revela uma retração no poder de compra: o gasto médio previsto é de R$ 297, valor R$ 46 menor que em 2023, impactando o montante total movimentado no setor.
De acordo com o levantamento, 37% pretendem gastar mais este ano, sendo que, 43% querem comprar um presente melhor, 37% apontam a alta dos preços e 33% pretendem ampliar a quantidade de presentes. Já entre os que gastarão menos (12%), a principal razão é a necessidade de economizar (27%), seguida do orçamento apertado (26%) e de dívidas em atraso (21%).
O principal motivo para a compra é o prazer em ver as crianças felizes (32%). Outros 22% mantêm o hábito de presentear pessoas queridas, 18% consideram a data um gesto importante e outros 18% entendem que a criança merece ser lembrada.
Entre quem não vai às compras, a ausência de crianças próximas na família ou círculo de amigos (38%), o foco no pagamento de dívidas (14%) e a falta de dinheiro (12%) são as justificativas mais recorrentes.
Roupas e calçados, bonecas e jogos educativos lideram a preferência dos consumidores
Os principais presenteados são os filhos(as) (50%), seguidos por sobrinhos(as) (34%) e netos(as) (16%). Em média, cada consumidor planeja adquirir 2,3 presentes.
As categorias de produtos mais buscadas refletem um equilíbrio entre utilidade e desejo infantil: roupas e calçados lideram a preferência, com 43% das intenções de compra, bonecas e bonecos vêm em seguida, com 36%, jogos educativos/tabuleiro são a escolha de 26% dos consumidores. Enquanto os brinquedos clássicos como carrinhos/aviões e bolas dividem a preferência com chocolates/doces, todos com 17%.
Foco no Custo-Benefício e Preocupação com a Qualidade
O processo de decisão de compra evidencia que o consumidor busca mais do que apenas o menor preço. Embora o preço (48%) siga como um fator importante na escolha do local de compra, ele divide a prioridade com a qualidade dos produtos (46%) e as promoções/descontos (39%).
Já na hora de escolher o presente em si, 30% consideram a qualidade do item como o fator principal, superando o desejo da criança (20%) e o preço (14%). Além disso, 70% dos consumidores citam o risco de acidentes ou ferimentos como o principal risco ao comprar um produto infantil, sem verificar sua procedência ou segurança.
“O Dia das Crianças, por sua natureza afetiva, impulsiona as famílias a se esforçarem financeiramente para presentear. No entanto, o aumento na percepção de preços eleva a cautela. O consumidor não está apenas procurando o presente mais barato, mas sim a melhor relação entre qualidade e preço. Esse movimento de maior seletividade é uma resposta direta à inflação percebida e à necessidade de garantir que o item comprado seja durável e seguro”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.
Em relação às formas de pagamento, o pagamento à vista deve predominar (85%), sendo o PIX a forma mais utilizada (50%). Apesar disso, 40% planejam parcelar suas compras, majoritariamente com o cartão de crédito (34%), com uma média de 5 prestações.
A pesquisa de preços é uma prioridade para 76% dos entrevistados, refletindo a percepção de que 62% dos produtos estão mais caros em relação a 2023.
Maioria pretende comemorar a data
A alta taxa de intenção de comemoração (91%) indica que o Dia das Crianças é visto como uma data afetiva e social que exige mais do que apenas um presente. O fato de a própria casa (37%) ser o local mais citado, e a casa de parentes (12%) e avós (7%) também terem destaque, sugere que as comemorações tendem a ser familiares, íntimas e focadas no convívio, o que pode ser uma estratégia para controlar os gastos ou simplesmente uma tradição familiar.
No entanto, locais que envolvem passeios e despesas externas também são relevantes: o Shopping (13%) se mantém como um ponto de comemoração, reforçando o caráter híbrido de lazer e consumo. Já o Parque de diversão (8%) e o Restaurante/Almoço fora (5%) mostram que uma parcela dos consumidores destina recursos para experiências fora de casa.
A intenção de comemorar se mantém alta, mesmo entre aqueles que admitem estar com o orçamento apertado ou gastar mais do que podem para o presente, o que sublinha a importância simbólica da data para as famílias.
27% admitem que costumam gastar mais do que podem na data
O estudo também acende um alerta sobre o comprometimento financeiro. Apesar das restrições, 27% dos entrevistados admitem que costumam gastar mais do que podem na data, e 12% pretendem deixar de pagar alguma conta para garantir os presentes.
Entre os consumidores que pretendem presentear, 37% já estão com contas em atraso — e, nesse grupo, a situação é ainda mais grave, já que 73% estão negativados. A principal fonte para o dinheiro das compras será o salário/renda mensal (65%).
“O esforço em presentear é notável, mas os dados sobre endividamento e a disposição de comprometer outras despesas essenciais são preocupantes. Essa vulnerabilidade financeira sugere que a data tem um peso social e emocional tão grande que, para muitas famílias, comprar um presente se torna uma prioridade em relação a manter as contas em dia. É fundamental que as famílias priorizem o orçamento familiar e utilizem a criatividade na hora de presentear. Educação financeira deve ser ensinada e um exemplo para as crianças”, alerta o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior.
METODOLOGIA
A pesquisa de Intenção de Compras para o Dia das Crianças 2025 foi realizada via web com consumidores das 27 capitais brasileiras, homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos, de todas as classes econômicas. A amostra total foi de 842 casos em um primeiro levantamento, e 600 casos que manifestaram a intenção de comprar presente. A margem de erro é de 4,0 p.p. para a amostra dos que pretendem comprar e 3,4 p.p. no geral. O período de coleta de dados foi de 28 de agosto a 04 de setembro de 2025