Panorama do Comércio: o que o varejo pode esperar para a reta final de 2025
A edição de novembro de 2025 do Panorama do Comércio, publicado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), já está disponível
A edição de novembro de 2025 do Panorama do Comércio, publicado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), já está disponível. Com a aproximação das datas comemorativas mais importantes do calendário, como Black Friday e Natal, o varejo entra em um período decisivo. Mas os sinais do ambiente econômico mostram um fim de ano de nuances: consumidores com renda maior, porém enfrentando crédito mais caro e inadimplência elevada.
Os dados do IBGE mostram que a renda média real dos brasileiros aumentou 4% no terceiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano passado. O avanço garante algum fôlego ao consumo, especialmente nos setores mais dependentes da renda corrente. A confiança do consumidor, medida pela FGV, até ensaia reação nos últimos meses, mas segue em nível inferior ao observado no fim de 2024, um sinal de que as famílias continuam cautelosas na hora de decidir compras maiores.
Endividamento e inadimplência exigem atenção redobrada
Mesmo com ganho de renda, o desafio do crédito continua grande. Segundo dados do Banco Central e da CNDL, tanto o endividamento quanto a inadimplência avançaram ao longo de 2025. Para o varejo, isso significa operar com maior rigor na análise de crédito e investir em estratégias de cobrança e recuperação.
Para o consumidor, a entrada do 13º salário e o reforço de renda típicos do fim do ano podem representar uma oportunidade de reorganizar as finanças e quitar dívidas atrasadas, movimento que pode melhorar o ambiente de vendas a partir de 2026. A publicação mais recente da ata do Copom reforça que a economia brasileira está perdendo ritmo, mas de maneira heterogênea entre os setores. No varejo restrito, ainda há crescimento; no varejo ampliado, que inclui veículos e materiais de construção — as vendas recuaram 0,3% no acumulado do ano, segundo o IBGE.
A SELIC elevada, mantida em 15%, tem sido o principal freio. A taxa elevada reduz o apetite ao crédito, encarece financiamentos e afeta diretamente categorias que dependem de prazos longos.
Crédito desacelera, mas mercado de trabalho resiste
A ata do Copom também destaca o arrefecimento das operações de crédito, reflexo natural da política monetária mais dura. Por outro lado, o mercado de trabalho se mostra resiliente, ainda que alguns indicadores recentes sinalizem uma acomodação no ritmo de contratações. Para o varejo, isso cria um ambiente misto: o consumidor segue empregado e com renda real maior, mas tem menos espaço no orçamento para assumir novos compromissos financeiros.
A melhor notícia vem do comportamento dos preços. O Copom avaliou um cenário mais favorável para a inflação já antes da divulgação dos números de outubro, que confirmaram a tendência de desaceleração.
Com o IPCA mostrando alívio e expectativas mais ancoradas, cresce a possibilidade de que o ciclo de juros elevados não dure tanto quanto o previsto. Caso a inflação continue cedendo, o Banco Central poderá encurtar o período de manutenção da SELIC no nível atual, abrindo espaço para recuperação de setores mais sensíveis ao crédito ao longo de 2026.
Assista também ao vídeo abaixo com a especialista em Finanças da CNDL, Merula Borges, com a análise do Panorama do Comércio deste mês.

