10 out, 2025
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Além dos furtos: os erros invisíveis que corroem margens no varejo

As perdas não identificadas já representam quase 40% do total de perdas no setor

Envato
Além dos furtos os erros invisíveis que corroem margens no varejo

A última edição da Pesquisa Abrappe acende um alerta para o varejo brasileiro: as perdas não identificadas, aquelas que não têm causa clara ou rastreamento, já representam quase 40% do total de perdas no setor. Em canais como o atacarejo, esse número chega a impressionantes 48,1%, colocando em risco a margem e a sustentabilidade operacional de um dos formatos que mais crescem no país.

Mesmo com uma leve queda no índice médio geral de perdas, de 1,57% para 1,51%, o setor precisa refletir sobre os prejuízos ocultos que seguem corroendo os resultados. Afinal, em um cenário de margens cada vez mais apertadas, alta rotatividade de equipes e pressão competitiva, ignorar falhas cotidianas que geram perdas operacionais pode comprometer o futuro de qualquer operação.

Essas perdas invisíveis vão além dos furtos e se concentram, principalmente, nos erros de frente de caixa e pesagem, como subescaneamento, multiplicação equivocada e inversão de código, sobretudo em produtos pesáveis como carnes, FLV e frios. Em grande parte dos casos, o problema nasce da desorganização nos processos e da ausência de tecnologia integrada para prevenção e resposta.

O varejo físico precisa migrar do modelo reativo para uma lógica de inteligência operacional contínua. Isso significa investir em plataformas que combinem monitoramento em tempo real, auditoria por vídeo, automação de processos e gestão centralizada, conectando todos os pontos críticos da operação, do PDV ao self-checkout, das balanças às antenas antifurto.

Não se trata apenas de reduzir perdas, mas de criar uma cultura orientada por dados, capaz de gerar respostas rápidas, decisões preditivas e ambientes mais seguros para consumidores e equipes. Nesse modelo, a prevenção de perdas deixa de ser um departamento isolado e se torna parte da estratégia central de negócios.

O dado que talvez mais reflita a urgência desse movimento vem do mercado global: segundo estudo da Mordor Intelligence, os investimentos em digitalização no varejo devem ultrapassar US$ 285 bilhões já em 2025, com crescimento anual de 17,3% até 2030. Quem não acompanhar esse ritmo tende a perder eficiência, competitividade e rentabilidade.

O varejo já tem as ferramentas e os dados para se reinventar. A escolha, agora, é agir.

*Por Vanessa Urbieta, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Inwave, com formação em Ciências Contábeis e ampla experiência em auditoria, gestão de riscos e prevenção de perdas no varejo. Atua no desenvolvimento de soluções que conectam tecnologia, processos e inteligência operacional para impulsionar resultados.

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