04 dez, 2024
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CNDL e SPC Brasil mapeiam os desafios dos varejistas

Juros altos, excesso de burocracia e alta carga tributária são principais dificuldades enfrentadas. Para 40%, política econômica tem grande influência no faturamento das empresas.

Juros altos, excesso de burocracia e alta carga tributária são principais dificuldades enfrentadas. Para 40%, política econômica tem grande influência no faturamento das empresas

O conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas, trabalhistas e econômicas que atrapalham o crescimento do país, conhecido como Custo Brasil, é considerado por 9 a cada 10 empresários brasileiros como uma barreira para o crescimento de suas empresas. É o que aponta pesquisa realizada pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) em parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

Confira a pesquisa Desafios do Varejo na íntegra!

Os maiores problemas relatados pelos empresários entrevistados são: os juros altos (44%), excesso de burocracia para abrir/manter/fechar empresas, contratação e dispensa de funcionários (34%), alta carga tributária sobre fabricação e venda de produtos/serviços (32%) e alto custo para empregar/tributação elevada da folha de pagamento (32%).

A pesquisa, que teve como objetivo identificar possíveis entraves para o crescimento das empresas, integra o convênio Políticas Públicas 4.0 (PP 4.0), firmado entre o Sistema CNDL e o Sebrae, e pretende coletar insumos para a proposição de políticas públicas que contribuam para a melhoria do ambiente de negócios no país e, consequentemente, apoiem o desenvolvimento do varejo.

“A alta carga tributária a complexidade do sistema diminui a lucratividade e dificulta a sobrevivência do negócio, especialmente em seu início e durante a fase de consolidação. A burocracia torna as empresas lentas e pouco competitivas, os juros excessivos inibem a tomada de crédito e os investimentos, e prejudicam diretamente a capacidade produtiva”, observa o presidente da CNDL, José César da Costa.

A dificuldade de acesso ao crédito também é um entrave para o crescimento dos negócios no país, destacado por 23% dos empresários. Na opinião deles, a dificuldade dos varejistas de conseguir crédito em instituições financeiras no Brasil está ligada, principalmente, às taxas de juros excessivamente altas (56%), ao excesso de garantias exigido pelas instituições financeiras (34%), às barreiras colocadas às empresas inadimplentes para terem o crédito aprovado (26%) e ao baixo conhecimento das linhas de crédito existentes (16%).

Política econômica tem maior influência no faturamento das empresas do que lockdown
A importância da interferência macroeconômica é destacada pelos empresários, a ponto de considerá-la mais importante que o lockdown estabelecido nas cidades ao longo da pandemia: quatro em cada dez (40%) acreditam que a política econômica e seus resultados (inflação, juros, desemprego) é o fator que mais influencia o faturamento da empresa. Por outro lado: 37% afirmam que os períodos de abertura e fechamento das cidades impostos no período da pandemia foram decisivos para o faturamento.

“Variáveis econômicas, como o câmbio e a inflação, são muito sensíveis aos rumos ditados pela gestão da economia, e os empresários sabem que isso interfere no ritmo da atividade e consequentemente no desempenho do seu negócio. Além das escolhas de política econômica, os ruídos políticos propriamente ditos também têm efeitos sobre as variáveis da economia, o que mostra a importância da estabilidade política para a retomada econômica”, destaca Costa.

Independentemente da avaliação sobre o fator que mais importa para o faturamento, os empresários se mantêm mais otimistas que pessimistas: 38% se dizem otimistas ou muito otimistas em relação ao atual governo e as medidas tomadas para aumentar as vendas do varejo até o final do ano, ao passo que 24% estão pessimistas ou muito pessimistas (percentual que chega a 31% nas capitais). Outros 34% permanecem neutros na avaliação e não estão nem otimistas, nem pessimistas.

As medidas do governo direcionadas à contenção dos efeitos econômicos da COVID-19 foram adotadas/aderidas por 35% dos empresários, principalmente entre os de grande porte (49%). As medidas que mais ganharam adesão foram: redução da jornada e salário e suspensão do contrato de trabalho (11%), nova rodada do Auxílio Emergencial (6%) e flexibilizações de regras trabalhistas referentes ao teletrabalho (5%). Já a maioria dos empresários (60%) não aderiu a nenhuma medida.

Contratação de mão de obra qualificada é entrave para a gestão empresarial e implantação tecnológica
Em relação aos desafios ligados à gestão empresarial, aproximadamente quatro em cada cinco empresários relataram algum problema (78%), com destaque para a dificuldade na contração de mão de obra qualificada (29%), a falta de recursos financeiros para adquirir dados sobre o mercado de atuação da empresa e dos seus clientes (21%) e o baixo acesso às tecnologias e inovações em função dos custos elevados (17%). Por outro lado, 17% dizem não haver problemas relacionados à gestão empresarial que interfiram na empresa.

A implantação tecnológica também representa uma dificuldade enfrentada por 79% das empresas. Os principais desafios são a dificuldade com custos (40%), encontrar profissionais capacitados (25%) e tempo para avaliar o custo-benefício (20%).

“O país passa por uma das maiores crises de desemprego da sua história, e mesmo que a maioria expresse otimismo com relação ao futuro, ainda há uma soma relevante de pessimistas e de empresários que não se sentem seguros para fazer essa avaliação. Dentro deste contexto, torna-se ainda mais urgente a aprovação de reformas estruturais que minimizem o Custo Brasil. Cabe ao governo criar os incentivos corretos para a inserção das empresas às inovações do varejo, especialmente do pequeno empresário, que incluam a diminuição dos custos, da burocracia, canais eficientes de comunicação, fomento a projetos, acesso ao crédito, entre outros. O caminho é longo, porém mais necessário do que nunca”, afirma o presidente da CNDL.
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