Propósito e bem-estar, além de dinheiro, são meta de trabalho das novas gerações
Pesquisa da consultoria Deloitte mostra que as geraçõs Z e Millenials querem segurança financeira, mas também um significado na vida profissional
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As novas gerações terão um peso significativo em termos de força de trabalho em 2030: nada menos do que 74% dos profissionais ativos serão da geração Z (nascidos entre 1995 e 2006) e de millenials (de 1983 a 1994). Para entender o que motiva essas duas gerações, a consultoria Deloitte entrevistou pouco mais de 23 mil jovens em 44 países. O resumo é que, além de dinheiro, eles esperam que suas vidas corporativas tenham propósito. O bem-estar é outro valor importante, entre os três mais destacados.
De acordo com a pesquisa, as duas gerações buscam mais do que apenas um emprego: a felicidade profissional precisa estar fundamentada no equilíbrio entre dinheiro, significado e bem-estar.
Custo de vida é fonte de estresse
Em relação ao primeiro item, o levantamento, intitulado 2025 Gen Z and Millenial Survey, indicou que seis em cada dez membros da geração Z e sete entre dez millennials se sentiram seguros financeiramente em 2024. A principal preocupação, segundo eles, foi o custo de vida, fonte maior de estresse entre os jovens.
O senso de propósito, por sua vez, é uma aspiração para 89% da geração Z e para 92% dos millenials. Entre as iniciativas que mostram essa busca de significado estão os trabalhos identificados como significativos para a sociedade. Entre os que não encontram significado no trabalho, a pesquisa indica que parte prioriza a combinação de ganho financeiro e equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Em outras palavras, eles usariam seus recursos e tempo para causar impacto fora do trabalho.
Apoio da liderança faz diferença
O bem-estar mental e físico, igualmente, está no topo de valorização nas duas gerações. Um terço dos entrevistados indicou que sente estresse ou ansiedade na maior parte do tempo, sendo o trabalho responsável por boa parte do problema.
Por outro lado, aqueles que se sentiram apoiados por seus líderes, em relação a questões de saúde mental, têm oportunidades de crescimento e estão satisfeitos com o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, além de relatarem os maiores níveis de bem-estar e felicidade.
Aliás, existe uma grande lacuna entre o que as duas gerações esperam de seus gerentes e o que realmente vivenciam. Embora eles desejem ter uma liderança inspiradora, que forneça orientação e apoio, ajudando a definir limites para garantir o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, essa não é a realidade. A percepção sobre os gerentes, entre os entrevistados, é de que os líderes estão focados em supervisionar tarefas diárias.
As duas gerações também esperam que seus empregadores ofereçam oportunidades de desenvolvimento de habilidades. E eles são ativos nisso: 70% da geração Z trabalha em alguma atividade semanal para se aperfeiçoar, enquanto esse percentual é de 59% para os millenials. No trio principal de habilidades buscadas estão as interpessoais, as de gerenciamento de tempo e as de conhecimento específico da indústria.
Ambição profissional
O levantamento também reforçou o que seria a ambição profissional. Ambos os grupos são ambiciosos, mas não necessariamente nos padrões de outras gerações. Apenas 6% da geração Z, por exemplo, afirma que seu principal objetivo de carreira é alcançar uma posição de liderança, priorizando o equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
E mais: eles veem a troca frequente de empregos não como falta de lealdade, mas como uma estratégia para buscar estabilidade, melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal, maior senso de propósito e oportunidades para aprender novas habilidades.
As principais razões para mudar de empresa incluem condições de mercado de trabalho, melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal e melhor remuneração.
Uso de IA
Outro destaque da pesquisa da Deloitte é a relação dos jovens atuais com a inteligência artificial (IA). A maioria deles (56% em média) já adota a tecnologia no dia-a-dia, principalmente em tarefas como análise de dados, trabalho criativo e criação de conteúdo.
Além disso, as duas gerações têm uma ideia positiva da IA, apontando que ela melhoraria a qualidade do trabalho e liberaria tempo para equilibrar vida pessoal e profissional. O medo que a IA elimine empregos, no entanto, é real e mais significativo nos millenials (65% apontou isso, contra 63% da geração Z).

