23 abr, 2025
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Vamos falar sobre propósito?

Já se perguntou qual é a razão de ser da sua empresa? Marcas com propósito criam conexões emocionais e clientes fiéis Certamente, oferecer um produto […]

Já se perguntou qual é a razão de ser da sua empresa? Marcas com propósito criam conexões emocionais e clientes fiéis

Certamente, oferecer um produto de qualidade a preços competitivos é importante para trazer vendas para o seu negócio, mas, se você quiser que sua marca seja extraordinária, vai precisar fazer mais do que isso. Atualmente, o consumidor não busca apenas adquirir produtos, mas se conectar com marcas que tenham um propósito e lhe permitam compartilhar experiências e valores.

Ser uma empresa com propósito significa saber responder com segurança por que sua marca existe e qual é o legado que ela deixa para o mundo. O propósito precisa ser relevante, autêntico e inspirador e deve ser comunicado ao público de forma natural e transparente, afinal ele é a razão de ser do negócio e não um trabalho de caridade. Além disso, para que o consumidor acredite que a marca realmente tem um compromisso com a sociedade, é necessário que todos os níveis da empresa, desde os fornecedores até as famílias dos funcionários, tenham consciência dos valores e do objetivo daquela organização e estejam comprometidos com seu propósito.

Conquistar o consumidor não é fácil, mas, a partir do momento que a marca consegue transformar uma boa experiência de compra em um vínculo emocional, ela ganha um defensor fiel, que vai compartilhar suas impressões com amigos e familiares, muitas vezes, inclusive, de maneira pública, pela internet. Esse feedback positivo, que funciona como uma mídia espontânea, pode ser até mais efetivo do que propagandas elaboradas.

A pesquisa Transparência, Inspiração e Propósito (TIP), desenvolvida por Ana Couto Branding e pela Officina Sophia com o objetivo de colocar em pauta o novo papel que as marcas possuem na sociedade atual, apontou que os setores de varejo e beleza ficam nas primeiras colocações entre as marcas que se conectam aos clientes por meio de encantamento e fidelização. A pesquisa mostrou ainda que 67% dos entrevistados estão dispostos a comprar um produto de uma marca que se conecte com eles a partir de um propósito comum e se dispõem até a pagar mais por isso.


Propósito na moda

Geralmente, o propósito de uma marca é construído a partir de objetivos pessoais dos seus idealizadores. Esse é o caso da MUMO, uma marca de vestuário que surgiu a partir da união de três sócios que já não se encaixavam nas premissas do mundo corporativo e queriam ir além. O publicitário Rodrigo Tozzi, a estilista Luana Goldstein e a economista Renata Stern decidiram abandonar as multinacionais em que trabalhavam por acreditar que era possível pensar um modelo de negócio diferente. “Nós decidimos sair da zona de conforto para investir em um modelo de negócio que não tivesse foco apenas no acúmulo e, sim, no impacto positivo que poderia gerar para a sociedade”, diz Tozzi.

A MUMO elege uma causa socioambiental a cada ano para inspirar as escolhas por matérias-primas, processos, fornecedores e desenvolvimento de produtos. Neste ano, a causa escolhida foi as matas ciliares, florestas fundamentais para o equilíbrio ecológico e a conservação da biodiversidade, que sofrem com o desmatamento causado pelas práticas da agricultura e pecuária e pelo crescimento desordenado das cidades. Para recuperá-las, a MUMO propõe-se a plantar uma muda de árvore nativa a cada peça vendida, por 12 meses, em áreas de recuperação de nascentes. O plantio é feito por organizações não governamentais que recebem o repasse da empresa.

Além da doação, busca minimizar ao máximo o nível de poluição de todos os seus processos. A marca utiliza algodão orgânico, viscose (uma fibra natural) e malhas com composição de 50% de garrafa PET. Ainda, todos os papéis utilizados no escritório são reciclados e, para as compras de São Paulo, o cliente pode optar por ter sua entrega feita de bicicleta. A parte humana da empresa também é prioridade. Apesar de a linha de produção ser terceirizada, os representantes da MUMO acompanham de perto as confecções e pagam salários considerados até acima da média do mercado para garantir que aqueles funcionários recebam salários justos e trabalhem em condições dignas.

Tozzi ressalta que é possível ser uma marca responsável e, ao mesmo tempo, competitiva e lucrativa. “Na MUMO, nós desenvolvemos produtos de qualidade, com informação de moda e passarela, mas sempre pensando nos impactos que aquilo irá gerar para a sociedade. Afinal, qual é o sentido de criar impérios e deixar o mundo pior?”, questiona.

Engana-se quem pensa que marcas como a MUMO ficam à margem de todas as práticas do mercado. Em datas importantes para o varejo, como a Black Friday, por exemplo, a marca aproveita para fazer campanhas inovadoras com foco no seu propósito. No último ano, a proposta foi: “Metade do dobro. Metade do preço para plantar duas árvores”.

O publicitário fala também sobre o preço das peças: “Devido ao custo das matérias-primas e sendo os processos sustentáveis ainda muito elevados, o produto final fica com um preço relativamente alto. Contudo, nosso objetivo é fazer o melhor produto possível, com o melhor preço, isto é, com o preço mais justo; então, buscaremos sempre meios para baratear o preço final dos nossos produtos e ampliar o acesso”.

E aí, você já pensou qual é o propósito da sua empresa? Que impactos ela causa no meio ambiente e na sociedade e de que maneira influencia a vida dos funcionários e consumidores? Esse pode ser um conhecimento valioso.