16 maio, 2025
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Cresce a liderança feminina; a maioria em áreas de apoio

Pesquisa do Insper e Talenses Group mostra que, em 2022, subiu para 17% e 34% a presença de mulheres nas presidências e vice-presidências das empresas brasileiras, respectivamente.

Pesquisa do Insper e Talenses Group mostra que, em 2022, subiu para 17% e 34% a presença de mulheres nas presidências e vice-presidências das empresas brasileiras, respectivamente

A participação das mulheres em cargos de liderança é o maior dos últimos anos. A presença das executivas nas presidências das empresas brasileiras subiu para 17% em 2022, quatro pontos percentuais acima dos 13% registrados em 2019. Em cargos de vice-presidente, aumentou de 23% para 34%; e em conselhos, saltou de 16% para 21%.

Os dados fazem parte do estudo Panorama Mulheres 2023, realizado pelo Talenses Group e pelo Insper com apoio do Movimento Mulher 360. O levantamento foi lançado no último mês, em São Paulo, e mapeou a presença de executivas em postos de liderança, analisou os efeitos das presidências femininas na composição, por gênero, dos cargos de decisão, e estudou características de corporações comandadas pelas profissionais.

“[Os dados] parecem indicar que o desenho, no médio prazo, é de aumento da presença de mulheres nas presidências e nos cargos de alta liderança”, explica o professor do Insper Fernando Ribeiro Leite Neto, que foi o coordenador técnico do Panorama Mulheres 2023.

A pesquisa aponta que uma mulher no exercício da função de presidente gera efeitos em toda a composição de gênero nos cargos de liderança da empresa. De acordo com o levantamento, a proporção de mulheres nos cargos de vice-presidência, diretoria e conselhos é 2 vezes maior, na média, quando a presidência é ocupada por uma mulher; e a proporção de conselheiras é 2,3 vezes maior, quando a empresa tem um plano de ação para diversidade de gênero e empoderamento feminino.

“Temos em torno de 56% de mulheres concentradas em cargos até coordenação, cargos de entrada, assistentes, analistas, e esse total se transforma em menos de 20% quando falo em mulheres gerentes e diretoras”, pontua Margareth Goldenberg, CEO da Goldenberg Diversidade e gestora executiva do Movimento Mulher 360.

Para conferir o documento na íntegra, acesse:

Nas empresas familiares, 25% das presidências são ocupadas por mulheres, enquanto nas companhias de administração profissional o índice cai para 14%; e há 59% de mulheres na diretoria em empresas de até 9 funcionários. O estudo mostra ainda que 38% das vice-presidentes atuam no setor de RH (recursos humanos), seguido de Finanças (25%) e Jurídico (18%). Sem surpresas, tecnologia é a área com menor frequência de vice-presidentes mulheres.

O quadro é similar quando se observa as posições de diretorias. Recursos Humanos é a área com maior predominância de diretoras mulheres (45%), seguido por Marketing (30%). No caso das conselheiras, no entanto, a área predominante dessas lideranças é a Financeira (27%), com RH (20%) e Operações (19%) na sequência.

“Não adianta falar que tem 40% de mulheres em um total – isso até engana –, e depois, quando vamos ver quais as áreas, quais os cargos, qual a velocidade da jornada, mais de 60% estão em Comunicação, Jurídico, Financeiro, RH. E quando elas ascendem à liderança, vão ser diretoras de RH, de Marketing e do Jurídico”, diz Margareth Goldenberg.

“Agora, alguém consegue ser CEO de uma empresa ficando 20 anos no RH? É preciso ter mobilidade interna em áreas core do negócio, passando por vendas, desenvolvimento, operação, para conhecer o negócio e poder ser uma CEO. Não é só no cargo que elas estão estagnadas, mas também nas áreas”, ressalta a gestora executiva do Movimento Mulher 360.

Setores
O setor que apresenta um percentual mais homogêneo de mulheres nos quatro blocos da alta gestão é o de Serviços, com presença igual ou superior a 20% em todos os cargos, o que representou uma evolução (exceto no caso de vice-presidentes, cujo percentual caiu de 30% em 2019 para 24% em 2023).

Houve também um salto positivo no volume de mulheres na presidência de empresas do setor de Comércio: de 4%, em 2019, para 50% das posições em 2023. Também houve evolução – mais discreta – no total de diretoras, que passou de 28% para 36% em 2023. O setor de Serviços é o que mais tem mulheres em funções de diretoria, seguido do Comércio (15%) e da Indústria (11%).

Raça
Com relação à questão de raça, ainda há pouca evolução no avanço de mulheres negras na liderança, tanto nas empresas presididas por homens (são brancas 93,3% das mulheres CEOs, VPs, diretoras e conselheiras), quanto nas lideradas por elas (74,4% das mulheres líderes são brancas).

A maioria das VPs são brancas, mas há diferença na proporção de mulheres negras, que é 10 vezes maior, com uma mulher CEO (43% x 4%). Cerca de 18% das diretoras mulheres são negras, quando a presidência é feminina; e 4,1% das diretoras são mulheres negras, quando a empresa é presidida por um homem.

ESG
Este ano, por conta da pandemia da Covid-19, o levantamento incluiu a análise de políticas de gênero desenvolvidas pelas empresas. Segundo o estudo, 50% das companhias com mulheres na presidência realizaram alguma ação ligada à diversidade e “empoderamento” das funcionárias nos anos de pico da crise sanitária. Nas corporações conduzidas por homens, esse índice é de 38%.

Entre as principais medidas realizadas, estão programas com foco em saúde mental e acompanhamento psicológico; adaptações de expedientes, com horário flexível ou home office e facilidades para conciliar o trabalho com a rotina doméstica.

Com informações do HSM Management.