07 out, 2025
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Inteligência artificial e o fim dos cliques? Queda de tráfego orgânico expõe nova era dos buscadores no e-commerce

O comportamento dos consumidores está mudando e os mecanismos de busca também

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Inteligência artificial e o fim dos cliques? Queda de tráfego orgânico expõe nova era dos buscadores no e-commerce

O comportamento dos consumidores está mudando e os mecanismos de busca também. Na era da inteligência artificial generativa, em que plataformas oferecem respostas diretas e conversacionais, até os maiores nomes do e-commerce estão sentindo o impacto: o tráfego orgânico já não entrega os mesmos resultados.

Segundo uma análise da Macfor, agência especializada em marketing digital e AEO (Answer Engine Optimization), a Amazon Brasil registrou queda de 27% no tráfego orgânico entre janeiro e julho de 2025. O dado chama atenção principalmente por ter ocorrido em plena preparação para o Prime Day, uma das maiores datas promocionais da empresa.

A queda foi gradual, mas constante — sinalizando que o problema não se trata de uma flutuação pontual, mas de uma tendência estrutural. Mesmo com investimentos em mídia paga que geram picos em momentos estratégicos, a consistência do tráfego gratuito está ameaçada por um novo tipo de concorrente: os mecanismos de resposta baseados em IA.

Adeus, clique; olá, resposta direta

Enquanto buscadores tradicionais redirecionam o usuário a uma página externa, tecnologias como Google SGE (Search Generative Experience) e plataformas como ChatGPT oferecem respostas completas diretamente na interface de busca — sem a necessidade de abrir o site. Na prática, isso significa que uma parcela crescente das interações de busca nunca chega a gerar visitas para os domínios das empresas.

É um desafio especialmente importante para o varejo online, que sempre se apoiou no tráfego orgânico como base para atrair consumidores com alta intenção de compra. A suposição era que, por trabalhar com produtos e preços, o e-commerce seria menos afetado pela ascensão dos “mecanismos de resposta”. Os dados mostram que essa lógica já não se sustenta.

Para se manter visível neste novo ambiente, empresas precisarão dominar o AEO — Answer Engine Optimization — que consiste na otimização de conteúdo para respostas fornecidas por modelos de linguagem e assistentes inteligentes. Não se trata mais de rankear bem no Google, mas de ser a fonte mais confiável para uma IA que responde sem abrir links.

O foco sai do clique e vai para a relevância semântica: conteúdos devem ser estruturados para responder perguntas em linguagem natural, com precisão, clareza e profundidade. Isso exige repensar palavras-chave, funis de conversão, formatos de conteúdo e até mesmo a maneira como produtos e serviços são descritos.

Um alerta para empresas de todos os portes

Embora a Amazon tenha compensado a queda no tráfego orgânico com estratégias de mídia paga, o alerta está dado: nem os gigantes do comércio eletrônico estão imunes à transformação digital trazida pela inteligência artificial. Para o varejo brasileiro, especialmente empresas médias e pequenas que dependem fortemente de SEO tradicional, a adaptação a esse novo cenário será decisiva para se manter competitivo.

A era do clique está ficando para trás. No novo jogo do varejo digital, ganha quem souber conversar com as máquinas — e ser escolhido por elas.

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