23 nov, 2025
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Média gerência impacta eficiência operacional e satisfação dos stakeholders

Estudo amplia o framework de Wooldridge, ao incorporar métricas não financeiras no papel de gestores intermediários

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Em um cenário empresarial marcado por rápidas transformações, a figura da média gerência assume funções decisivas no alinhamento entre a alta direção e as equipes.

Em artigo publicado pela diretora de operações da Termotécnica, Regina Célia Zimmermann, em conjunto com os professores da Fundação Dom Cabral (FDC), Samir Lótfi e Bruno Fernandes, duas novas categorias de resultados em relação à gerência intermediária são acrescentadas ao framework original de Wooldridge et al. (2008): a efetividade operacional e a satisfação dos stakeholders.

Essa nova perspectiva extrapola os resultados pautados em desempenho econômico e se adequa a um modelo no qual é necessário mediar demandas institucionais distintas, por vezes conflitantes, ao passo que se atinge os objetivos traçados. Nesse sentido, os profissionais que ocupam esse cargo intermediário ficam encarregados pelo (1) aumento da produtividade, (2) resolução de problemas, (3) resultados operacionais, (4) comunicação entre vários níveis hierárquicos e (5) satisfação dos funcionários.

Os gerentes intermediários devem adotar, ainda, uma postura criativa e inovadora diante dos diferentes interesses do quadro de colaboradores da empresa e das mudanças de um mercado cada vez mais automatizado.

Média gerência como catalisadora da eficácia operacional

No ambiente corporativo atual, a média gerência tem se consolidado como um elo entre a visão estratégica da diretoria e a sua materialização prática. Longe de ser apenas um nível intermediário entre dois pontos de uma organização, esses agentes traduzem decisões em ações tangíveis, especialmente no que diz respeito à responsabilidade social e ambiental.

O estudo levanta uma série de pesquisas realizadas por outros autores que tratam do mesmo assunto ou de tópicos relativos. Com isso, foi possível identificar que abordagens como de melhoria contínua e lean manufacturing (manufatura enxuta) contribuem tanto para a eficiência organizacional quanto para o estímulo à inovação. Isso porque fomentam a inserção de novas tecnologias capazes de aprimorar cada vez mais as atividades que constituem o processo produtivo e eliminam o desperdício ao longo da jornada.

Os benefícios decorrentes dessas iniciativas abrangem a geração de valor para todos os stakeholders, por meio da promoção de um modelo de negócios que preza pela eficiência e sustentabilidade. Essas características, por sua vez, potencializam a flexibilidade e lucratividade em longo prazo, desde que a média gerência consiga equilibrar as exigências entre controle organizacional e flexibilidade operacional.

Além disso, inserem novos indicadores, para além dos financeiros, na avaliação dos resultados operacionais, o que permite uma visão mais holística do desempenho. São eles:

  • satisfação do cliente;
  • moral dos funcionários;
  • produtividade;
  • qualidade produtiva;
  • desempenho de entrega.

Satisfação dos stakeholders também depende da gestão intermediária

A compreensão de que o desempenho organizacional transcende os indicadores financeiros tem ganhado força à medida que a satisfação dos stakeholders se torna uma dimensão de resultado mais valorizada. Neste contexto, o estudo identifica a média gerência como um ator estratégico para preservar o envolvimento dos funcionários e, por consequência, a performance da empresa.

Esse tópico, no entanto, deve estar alinhado a um processo que tem no centro de sua concepção os clientes, os funcionários e a responsabilidade social corporativa (CSR). É neste ponto que a pesquisa introduz as iniciativas de CSR como oportunidade para equilibrar os objetivos lucrativos e os sociais. O conceito refere-se ao compromisso da empresa com práticas sociais, ambientais e econômicas tanto na operação quanto no relacionamento com os stakeholders. Com isso, há uma adequação à realidade dos negócios, que passam a ser menos orientados para os shareholders (acionisas) e mais para os clientes.

Por essa configuração, deve-se compreender o alcance da média gerência como exterior aos limites internos da empresa. Esses gestores interagem com clientes, fornecedores, órgãos reguladores e comunidades, atuando como representantes diretos da organização. A maneira como administram essas relações impacta a percepção externa e a reputação corporativa. Para stakeholders internos, o efeito é igualmente relevante, uma vez que a confiança nas decisões da liderança intermediária influencia a adesão às mudanças e a disposição para colaborar em projetos estratégicos.

Como último vetor para alavancar a satisfação, o estudo cita a “inclusão de práticas de melhoria contínua e o foco na qualidade, vista sob a lente dos stakeholders, junto à recomendação para que a pesquisa em qualidade considere os fatores e resultados relacionados à CSR”. A partir dessa estrutura, a figura intermediária faz a supervisão e análise, do ponto de vista daqueles impactados pelas ações da empresa, para adaptar práticas e táticas de maneira que correspondam com os objetivos traçados pelo núcleo diretivo.

Em resumo, a pesquisa coordenada entre os três especialistas mostra que a atuação estratégica da média gerência impulsiona a eficácia das operações e se mostra determinante para construir e manter relações positivas com todos os envolvidos na jornada organizacional.

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