23 set, 2025
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Venda do distribuidor cresce em alimentos no Sudeste e higiene no Nordeste, aponta estudo

Além de dados sobre o desempenho nacional e regional, o estudo da Mtrix, empresa NielsenIQ, traz cortes por canal (varejo alimentar e food service), faixa populacional e ticket médio

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Venda do distribuidor cresce em alimentos no Sudeste e higiene no Nordeste, aponta estudo

O faturamento do mercado de consumo no Brasil registrou um aumento de 5,8% no período de janeiro a julho de 2025, um crescimento notável que foi liderado pelo setor de alimentos. De acordo com o último Mtrix Market Insights, um estudo da Mtrix, empresa da NielsenIQ que monitora as vendas de sell-through–vendas de distribuidores para mais de 1 milhão de pontos de venda do varejo alimentar e food service, o varejo alimentar foi o grande motor desse desempenho, com um avanço de 10,4% nas vendas. O Sudeste se destacou com um crescimento ainda maior, de 11,9% nesse segmento, enquanto o Nordeste se consolidou como a única região em expansão para o mercado de cuidados pessoais e com o lar.

Varejo alimentar

Segundo o estudo, o crescimento das vendas em receita tem diferentes motores em cada região. No Sudeste, o avanço de 11,9% na receita foi puxado sobretudo pelo aumento do preço médio dos produtos (+11,3%), com volume praticamente estável (+0,7%). O resultado indica crescimento apoiado em preço/mix — e não em expansão de consumo — podendo refletir tanto ajustes de preços quanto uma composição mais premium do carrinho.

Já no Nordeste, o crescimento no varejo alimentar, de 10,6%, foi mais equilibrado, com um avanço significativo tanto no volume de vendas (+5,0%) quanto no preço médio (+5,1%). Isso indica um consumo mais robusto, onde as pessoas não apenas pagaram mais, mas também adquiriram uma quantidade maior de produtos. A resiliência da região, especialmente no segmento de cuidados pessoais e com o lar, reforça essa dinâmica de consumo consistente.

Food Service e alimentação fora do lar

No segmento de food service, o crescimento foi de 9,9% no nível nacional, impulsionado principalmente pelas regiões Norte (+17,8%) e Nordeste (+11,8%). O estudo também aponta uma queda na quantidade de pontos de venda (PDVs) em todas as regiões nesse canal, sendo a maior no Sul (-4,2%) e a menor no Nordeste (-0,2%). Apesar da retração, o crescimento no Nordeste mostra que os estabelecimentos restantes conseguiram aumentar suas vendas de forma significativa, indicando uma maior otimização do negócio. Em contrapartida, o mercado de cuidados pessoais e com o lar apresentou retração nacional de 2,9% em vendas no período. O Nordeste, porém, seguiu na contramão, com alta de 2,8%, consolidando-se como a única região em expansão neste segmento.

Para Fernando Figueiredo, Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Mtrix, esses resultados mostram que o consumo no Brasil está se reorganizando de forma desigual entre categorias e regiões. “Enquanto os alimentos seguem em alta, reflexo da prioridade das famílias em garantir itens básicos, o setor de cuidados pessoais e com o lar sofre retração, indicando maior seletividade na compra de produtos de higiene e limpeza. Isso revela que, para atuar de forma competitiva, indústrias e distribuidores precisam olhar para as particularidades de cada região e categoria, já que o comportamento de compra não é uniforme em todo o país”, conta.

Ele destaca ainda que, no caso de higiene e beleza, há também o impacto crescente da concorrência com marcas impulsionadas por influenciadores e redes sociais. “Em um cenário em que o preço pesa cada vez mais na decisão de compra, ter o produto certo no ponto de venda certo passa a ser tão estratégico quanto o posicionamento de preço”, destaca.

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