30 abr, 2025
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DLI: mais de 4,5 mil produtos vendidos sem impostos

Foram vendidos mais de 100 mil litros de gasolinas sem impostos; o site da ação recebeu mais de 1, 1 milhão de visitas só no dia 25/5.

Na capital mineira, o litro da gasolina comum foi vendido a R$ 3,77

Foram vendidos mais de 100 mil litros de gasolinas sem impostos; o site da ação recebeu mais de 1, 1 milhão de visitas só no dia 25/5

Equipe do DLI em Manaus (AM)

A maior mobilização de conscientização da população sobre a alta carga tributária foi um sucesso este ano. Realizado na última quinta-feira (25/5), o 17º DLI (Dia Livre de Impostos) contou com a participação de 50 mil lojistas, que comercializaram mais de 4,5 mil itens com descontos de até 70%, para mostrar o quanto os impostos pesam no bolso do cidadão. Só no Dia D da ação, o site do evento – que tem abrangência nacional – teve 1,1 milhão de interação e os produtos mais pesquisados eram de cinco categorias: cama, mesa e banho; restaurante; moda; casa e construção; e beleza e perfumaria. Também foram vendidos mais de 100 mil litros de gasolina comum, com o litro custando, em média, R$ 3,90. Cerca de cinco mil brasileiros puderam comprar combustível sem impostos.

O DLI é organizado pelas CDLs Jovem (Câmara de Dirigentes Lojistas Jovem) nacional, estaduais e municipais e a CNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas). Para o coordenador da CDL Jovem Nacional, Raphael Paganini, a mobilização é uma ótima oportunidade para os brasileiros consumirem os produtos se educando sobre o tamanho da carga tributária e entendendo como seria se os impostos fossem menores. “Já os comerciantes vendem seus produtos mostrando o quanto a carga tributária pesa no bolso da população, além de protestar em favor da redução na quantidade e no tamanho dos tributos e da burocracia tributária”, explica Paganini.

“Essa ação deveria ser feita todo dia, porque todos ganham. Se todo o dinheiro que pagamos para os impostos fosse revertido para o consumo, acho que o Brasil estaria melhor”, disse Raphael Bick, cliente do posto Megão, do Recreio dos Bandeirantes, onde a ação do DLI se deu no Rio de Janeiro.

Para ele, além do custo dos bens e serviços gerados pela alta carga tributária, existe o problema da utilização desses recursos. “Se todo dinheiro arrecadado pelo Estado fosse para onde tem que ir, que é educação, segurança e saúde, o Rio de Janeiro teria outra realidade”.

Reforma tributária
Com o debate da Reforma Tributária em alta no Congresso Nacional, a data se torna ainda mais simbólica. Esta é a opinião do presidente da CNDL, José César da Costa. Ainda segundo o dirigente lojista, o Brasil precisa de um sistema tributário justo, e essa é a mensagem transmitida pelo Dia Livre de Impostos para os poderes públicos. “Hoje, a carga tributária é alta e injusta, reduz o poder de compra da população e prejudica o surgimento e o crescimento de negócios”, avalia.

Costa acredita que, para o setor de Comércio e Serviços, é fundamental que a legislação tributária brasileira tenha alíquotas diferenciadas para cada segmento e seja simplificada. Além disso, defende a manutenção do tratamento diferenciado do Simples Nacional e a desoneração da folha de pagamentos. “Essas são as salvaguardas mínimas para a sobrevivência de um setor que é fundamental para a geração de empregos do Brasil”, destaca.

O mascote de DLI foi montado no posto Jarjour, em Brasília

Além da venda de produtos com descontos dos impostos incidentes e das ações de conscientização Brasil afora, todos os anos o DLI recolhe assinaturas em favor da Reforma Tributária. Este ano, o Manifesto Online recebeu mais de 7 mil assinaturas, brasileiros que viram a necessidade de um sistema tributário mais justo e contribua para o desenvolvimento do país.

“O Dia Livre de Impostos é aquele momento do ano no qual a gente para de trabalhar para o Estado e começa a trabalhar para a gente. Queremos mostrar para as pessoas que o imposto está presente da hora que elas acordam até a hora que vão dormir, está em tudo o que consomem. Os cidadãos precisam ter consciência sobre isso”, ressalta o coordenador nacional do DLI, Victor Gonzales.

DLI pelo Brasil
A estudante Tayane Galvão, que participou das atividades do DLI no shopping Ilha Plaza, na Ilha do Governador (RJ), chamou atenção para o caráter educativo do Dia Livre de Impostos. “É fantástico o que essa iniciativa provoca no consumidor, que nunca sabe a fatia de imposto que está embutido nos preços de produto”, elogiou. “Infelizmente, no Brasil não tem uma lei que mostre a fatia que é entregue para o Estado toda vez que consumimos alguma coisa”.

Tayane também chamou atenção para a falta de transparência na destinação desses impostos. “Pagamos trilhões de reais. Praticamente trabalhamos só para pagar impostos e não sabemos nada sobre a utilização desses recursos”, reclamou.

Em Brasília, o destaque foi o Jarjour, posto de combustível localizado na 206 norte que tradicionalmente participa da iniciativa. O posto disponibilizou 20 mil litros de gasolina por 3,83, com um limite de 20 litros por carro. A longa fila de espera chegou a cerca de 3km e cada pessoa esperou cerca de duas horas para abastecer o carro sem pagar impostos. “Este é o segundo ano que eu venho abastecer no Dia Livre de Impostos aqui no Jarjour. Vale muito a pena esperar”, disse o consumidor Carlos.

Os motoristas brasilienses ainda concorreram a prêmios e brindes, como paleta mexicana, água e refrigerante, e ainda puderam conferir um telão com o Impostômetro, painel que mede a arrecadação do país, mantido pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação) e a ACSP (Associação Comercial de São Paulo).

Em BH, o botijão gás saiu R$ 18 mais barato

Já em Manaus, a expectativa era grande, pois grande número de estabelecimentos aderiu à mobilização: participaram quatro shoppings com mais de 300 lojas. Além desses, os supermercados Rodrigues, DB e DB Empório também venderam produtos com descontos. Outras três cidades amazonenses também participaram do evento: Parintins, Manacapuru e Itacoatiara.

Fortaleza contou com uma grande mobilização em dois shoppings: o RioMar Kennedy e o RioMar Fortaleza. Também houve adesão de lojas de rua, somando cerca 200 varejos participantes.

Em Belo Horizonte, a data contou com a mobilização de diversos segmentos, como farmácias, supermercados, distribuidoras de gás, lojas de roupa e alimentação. A Drogaria Araújo comercializou mais de 2 mil produtos sem a adição dos impostos, com descontos de até 55%. “A compra de remédios ocupa grande parte do orçamento das famílias. Como a maioria dos lares é custeada por idosos, que são os maiores consumidores desses produtos, é fundamental que os tributos desses produtos sejam repensados”, afirma O presidente da CDL/BH (Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte), Marcelo de Souza e Silva.

É importante destacar que todos os impostos dos produtos comercializados durante o DLI são pagos pelos varejistas participantes da ação, que absorvem este custo em protesto ao pesado e injusto sistema tributário.

Com colaboração de Gabriella Tomaz e Humberto Viana e informações do Correio Braziliense e Diário do Comércio.
Edição: Fernanda Peregrino