21 mar, 2025
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Orgulho LGBTQIAP+: como tornar o seu negócio um lugar inclusivo?

Há, no país, uma demanda significativa por marcas inclusivas. Por isso, hoje, os negócios brasileiros precisam terem a inclusão e a diversidade como elementos-chave em suas estratégias de marketing e comunicação.

Milhares de pessoas foram à Avenida Paulista, em São Paulo, no último domingo (11), participar da 27ª Parada do Orgulho LGBT+. O tradicional evento, que reivindica direitos, promove a visibilidade e celebra a diversidade, mostra que o tamanho, o poder e a potência da população LGBT+ brasileira, que não pode e não deve ser ignorada pelas empresas.

No Brasil, 2,9 milhões de pessoas de 18 anos ou mais se declaram lésbicas, gays ou bissexuais, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde: Orientação Sexual Autoidentificada da População Adulta, divulgada no ano passado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esta é a primeira vez que esse dado foi coletado pelo órgão e, na avaliação da equipe, o número ainda pode estar subnotificado. A ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais) afirma que há, em território nacional, cerca de 20 milhões de pessoas que se identificam como pessoas LGBTQIAP+.

Já Relatório Orgulho LGBTQIA+ 2023, da Opinion Box, revela que 7 em cada 10 (69%) dos entrevistados LGBTQIA+ preferem comprar em empresas que demonstram apoio à diversidade. Além disso, 65% das pessoas ouvidas gostam de se ver representadas em comerciais e propagandas e 64% têm maior tendência a comprar de empresas que mostram pessoas como eles. O indica ainda que 38% do público heterossexual e cisgênero também preferem comprar de marcas que apoiam a diversidade.

Esses dados não apenas apontam que há, no país, uma demanda significativa por marcas inclusivas, mas também enfatizam o impacto econômico que a comunidade LGBTQIAP+ exerce no mercado atual e a necessidade dos negócios brasileiros de terem a inclusão e a diversidade como elementos-chave em suas estratégias de marketing e comunicação. Certamente, os empreendimentos que adotarem uma postura inclusiva conquistarão a preferência e fidelidade do público diverso.

Mapa de Respeito
A Nohs Somos, startup de impacto social com a missão de aproximar e mapear ambientes inclusivos e amigáveis, construiu o aplicativo Mapa de Respeito, que permite os seus usuários compartilhem avaliações sobre os locais que visitaram, a partir do mapa de estabelecimentos do Google. A solução foi criada para atender uma dor comum entre a comunidade: a insegurança em frequentar espaços novos pelo risco de sofrer algum tipo de violência. Com dez avaliações positivas, o local ganha um selo colorido que o atesta como amigável.

“É muito triste perceber que existem lugares onde nossa presença é minimizada, desrespeitada ou até mesmo rejeitada. Muitas vezes, somos vítimas de LGBT+fobia e nós mesmos temos que nos retirar dos estabelecimentos, não quem a cometeu. Isso é inadmissível. É fundamental que reconheçamos nossa potência e estejamos conscientes das nossas escolhas para estarmos em lugares que nos querem bem”, explica Jo Raposo, coordenadore de Marketing da Nohs Somos.

De acordo com levantamento da organização Gênero e Número, com o apoio da Fundação Ford, 51% dos entrevistados LGBTQIA+ relataram ter sofrido algum tipo de violência motivada pela sua orientação sexual ou identidade de gênero. Destas, 94% sofreram violência verbal. Em 13% das ocorrências, as pessoas sofreram também violência física.

A equipe da Nohs Somos, que também presta serviços de consultoria de inclusão para empresas de todos os segmentos e oferece um treinamento gratuito aos estabelecimentos que se inscrevem na plataforma, separou 4 dicas para a sua empresa ser mais inclusiva. Confira:

Boas práticas para empresas inclusivas

1. Respeito ao nome social e aos pronomes das pessoas
As pessoas não binárias – aquelas que sentem que sua identidade de gênero não pode ser definida dentro das margens da binariedade, ou seja, homem ou mulher – podem se reconhecer nos gêneros feminino e masculino ao mesmo tempo, mas também não se identificar com nenhum desses dois rótulos, ou então se sentir às vezes como homens e outras vezes como mulheres.

Por isso, a equipe de atendimento deve perguntar o nome do cliente e, na dúvida, perguntar qual pronome usar. Outra saída, é utilizar a linguagem neutra, que na prática significa trocar os pronomes de tratamento “ele”/”ela” por “ile” ou “elu”, que substitui os marcadores de gênero (“a” e “o”). Mas atenção, alguns indivíduos não binários optam pelos pronomes “ele”/”ela”.

Por exemplo, como uma pessoa não binária, Jo Raposo se identifica pelos pronomes “ela” e “elu”. “A partir do momento que chego em um local e estou referindo a mim mesma no feminino ou no neutro, não cabe à pessoa que trabalha naquele local me tratar em outro pronome”, diz.

Neste caso, o profissional precisa ter uma percepção ativa, garantindo que a clientela se sinta confortável e respeitada pelo pronome correto nos locais que escolhem visitar.

2. Atenção aos banheiros
Segundo Jo, os estabelecimentos que demonstram maior abertura ao público LGBTQIAPN+ são aqueles que possuem banheiros unissex. “Outra opção seria uma terceira via para quem prefere não escolher entre o masculino e o feminino. Ou então, em última instância, não assuma em qual opção sua clientela deve se encaixar. A escolha é dela”, ressalta.

3. Fique do lado certo
Se algum cliente LGBTQIAP+ sofrer qualquer tipo de situação constrangedora ou violenta no seu estabelecimento, peça para que o “LGBT+fóbico” se retire e, se for o caso, chame a Polícia. A “LGBT+fobia” é criminalizada desde 2019 no Brasil. A determinação está atrelada à Lei de Racismo (7716/89), que prevê crimes de discriminação ou preconceito por “raça, cor, etnia, religião e procedência nacional”. A prática da lei contempla atos de “discriminação por orientação sexual e identidade de gênero”.

4. Contrate pessoas LGBTQIAP+
“Um lugar de respeito e acolhedor precisa de uma equipe plural”, afirma Jo. Por isso, é importante que as empresas abram vagas de trabalho para pessoas LGBTQIAP+ e ainda ofereça treinamentos às equipes. “A gente não quer só que a pessoa LGBT+ entre na empresa, mas que ela crie vínculos e se mantenha. Temos uma vida toda para viver”, finaliza Jo Raposo.

O que significa cada letra de LGBTQIAP+
Lésbica: mulheres que são romanticamente ou sexualmente atraídas por outras mulheres.

Gay: homens que sentem atração romântica ou sexual por outros homens (também pode ser usado para falar de todas as pessoas homossexuais, independentemente do gênero).

Bissexual: pessoa que sente atração romântica ou sexual por mais de um gênero.
Transgênero, Travesti e Transexuais: pessoas cuja expressão ou identidade de gênero é diferente do sexo biológico que foi atribuído no nascimento.

Queer: termo que indica qualquer pessoa que não é heterossexual ou cuja sexualidade ou identidade de gênero muda com o tempo. Além disso, pode significar “questionando”, ou seja, alguém que está explorando sua sexualidade ou gênero.

Intersexual: pessoa que nasceu com características sexuais (como genitais ou cromossomos) que não se enquadram nas categorias binárias masculinas ou femininas.

Assexual: quem sente pouca ou nenhuma atração sexual por outras pessoas.

Pansexual: pessoas que se sentem atraídas por todos os gêneros; tem quem não coloque a letra P na sigla por entender que essa classificação já está contemplada pelo “B” de bissexuais.

+: o sinal de mais está aqui para indicar que a comunidade inclui mais expressões de gênero e de sexualidade, como o arromantismo (não ter desejo de viver um romance) e o poliamor (cultivar vários relacionamentos amorosos ao mesmo tempo).

Fonte: iFood

Com informações da Agência Brasil, G1 e iFood.