30 abr, 2025
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NRF 2023: IA se consolida entre as soluções para o varejo

Este ano, a feira tinha como tema a disrupção, e abordou as soluções e inovações que facilitam a vida das empresas do setor e permitem superar os desafios.

José César da Costa visita área de expositores da NRF 2023

A NRF Retail’s Big Show 2023 reuniu, esta semana, em Nova Iorque (EUA), cerca de 36 mil pessoas ligadas ao varejo mundial. Organizado anualmente pela NRF (National Retail Federation), o evento acontece desde 1911 e é considerado a maior feira do setor. Este ano, teve mais de 300 palestrantes e mais de mil stands de expositores, que tiveram o desafio de discutir e apresentar as inovações tecnológicas para um segmento cada vez mais dinâmico e com consumidores ávidos por experiências disruptivas.

De acordo com a organização do evento, os brasileiros eram a maior delegação internacional presente na NRF 2023, com cerca de três mil participantes. O Sistema CNDL estava lá com aproximadamente 90 pessoas. O presidente da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), José César da Costa, que acompanhou várias palestras e visitou diversos stands, destaca que os varejistas “saem de lá com grandes ideias que podem ser implementadas no Brasil, o que fomenta um varejo cada vez mais forte e melhor”.

José César lembra ainda que o Sistema CNDL participa do evento para trazer informação e conhecimento para os seus integrantes. “Queremos que as nossas entidades e associados tenham acesso às últimas tendências do varejo, o que é essencial para criar e implementar estratégias que podem ser aplicadas em empresas de todos os portes, e consequentemente gerar riqueza e renda no país”, afirma.

Segundo Maurício Stainoff, presidente da FCDL-SP (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo), a NRF 2023 é um espaço para o intercâmbio entre os principais players do varejo no mundo, o que é fundamental para o avanço do mercado como um todo. O dirigente lojista integrou a missão CNDL na NRF 2023. “Cada palestrante, expositor e participante contribui para o fomento do varejo no mundo. Muitas discussões presentes na feira trazem luz ao que pode ser aplicado no varejo brasileiro, são inovações que potencializam o consumo”, comenta.

Stainoff: “Muitas discussões presentes na feira trazem luz ao que pode ser aplicado no varejo brasileiro, são inovações que potencializam o consumo”

“A magnitude do evento mostra a força que o varejo possui, não apenas no Brasil ou nas principais potências econômicas mundiais. O varejo é uma linguagem global que também muda conforme o tempo”, avalia Stainoff.

Varejo disruptivo
Este ano, a feira tinha como tema a disrupção, e abordou as soluções e inovações que facilitam a vida das empresas do setor e permitem superar os desafios. Paulo Guimarães (Peguim), presidente da AFRAC (Associação Brasileira de Tecnologia para o Comércio e Serviços), também esteve na NRF 2023 de olho nas tendências tecnológicas. Peguim acompanha o evento nos últimos 15 anos e disse que, nesta edição, se viu a consolidação de muita tecnologia que surgiu há cerca de três anos.

“Em 2019, surgiram várias tendências tecnológicas, como a computação de imagem, a análise de voz e o uso da IA (Inteligência Artificial). Pode-se dizer que este é um ano de maturação das tecnologias existentes e de trazer elas para o dia a dia dos varejistas. É um dos momentos mais interessantes, pois se vê na prática o uso das tecnologias”, explica Paulo Guimarães.

De acordo com o presidente da AFRAC – entidade que faz parte da UNECS (União Nacional das Entidades de Comércio e Serviços, da qual José César da Costa também é presidente –, falou-se muito da IA na edição deste ano. Hoje, já é possível utilizar a tecnologia para fazer posicionamento de produto em gôndola e até para fazer o pedido e repor o estoque de produtos.

“Esta é uma arte muito difícil no varejo, dependendo especialmente do segmento que se opera. Ao invés de esperar faltar ou de usar planilhas que mostram quantos dias faltam para repor cada material no estoque, a IA aprende rotinas complexas – inclusive, considerando a sazonalidade –, e consegue apontar com mais assertividade quais produtos deve-se comprar e a quantidade necessária”, explica Guimarães.

Paulo Guimarães: “A IA aprende rotinas complexas – inclusive, considerando a sazonalidade –, e consegue apontar com mais assertividade quais produtos deve-se comprar e a quantidade necessária”
Foto: UNECS

A inteligência artificial processa milhões de dados analisados, cruza o desempenho do produto e, com isso, também indica os melhores lugares para cada produto ser exposto e ainda de acordo com a época do ano. Tudo isso antes dependia de um feeling muito apurado do gerente de loja.

Outro destaque no evento foram os serviços de computação em nuvem. “Há um montão de soluções altamente complexas e que exigem um CPD (Costumer Data Plataform ou Plataforma de Dados do Cliente) grande para rodar. A vantagem é que o sistema fica no servidor central, e como hoje as conexões de telecomunicações são muito estáveis e com a largura de banda muito aceitável –, o seu varejo pode acessá-lo de todos os lugares. Então, o seu cliente pode consumir esta função através do celular, o seu vendedor através de um tablet e o seu gerente por meio de um notebook para verificar o desempenho dos diversos itens do negócio, e tudo isso de uma forma muito fluída, porque todo o peso desta solução está rodando em nuvens”, ressalta Peguim.

Outra novidade é a tecnologia de imagem que reconhece produtos. Basta usar a câmera do celular e tirar uma foto do produto que o sistema reconhece e traz as informações referentes a ele. O app basicamente substitui o leitor de códigos de barras. Baseado em IA, o algoritmo identifica o produto com muitíssima assertividade, inclusive diferencia facilmente os artigos que têm muitas variedades, como as maçãs.

“Está surgindo agora as vitrines inteligentes com projeção 3D e animação feita por meio de IA. É como se o consumidor estivesse diante de um vendedor que busca produtos e o mostra. Dá até para provar virtualmente a roupa para ver o caimento. Isso em algum momento vai ganhar força, pois cria um aspecto de humanidade em uma transação que poderia ocorrer em um chatbot. Traz uma interação humana, tornando a experiência de compra mais interessante para o comprador”, finaliza o presidente da AFRAC.

Com informações da FCDL-SP e da Forbes.