Quase metade dos servidores nunca observou desvios éticos no órgão que atua, mostra pesquisa
Levantamento feito pela FDC com servidores aponta que “situações indevidas” diminuíram na percepção dos respondentes
ShutterstockQual a percepção do agente público do Poder Executivo do Estado de Minas Gerais sobre questões relacionadas com a ética e a corrupção na Administração Pública? Esse foi o recorte da pesquisa “Ética e corrupção no Poder Executivo do Estado de Minas Gerais: percepção dos agentes públicos”, realizada pela Controladoria-Geral do Estado de Minas Gerais (CGE) e pela FDC Gestão Pública, sob coordenação do professor Paulo Renato de Sousa, da Fundação Dom Cabral.
Os resultados se mostraram otimistas: 48% dos respondentes não observaram agentes públicos atuando de forma indevida. A pesquisa identificou também que há uma maior quantidade de desvios éticos do que de atos de corrupção. Ganância, impunidade ou práticas enraizadas na sociedade representam quase 60% das razões apontadas para o envolvimento de agentes públicos nesses atos de corrupção.
Os desvios comportamentais, práticas enraizadas no indivíduo ou existência de oportunidades representam mais de 70% das razões apontadas para o envolvimento de agentes públicos em desvios éticos. Além disso, mais de 50% dos respondentes partem de uma responsabilização do indivíduo para casos de ações antiéticas.
Causas e ações para comportamentos indevidos
Ao avaliar condutas e comportamentos indevidos no exercício da função pública, os resultados apontam para quatro ações que concentraram mais de um terço das respostas positivas pelos respondentes. São elas: “Usar a posição ou o cargo para ajudar um amigo ou familiar”, com 45,77% de respostas positivas; “Obter benefícios profissionais em função de vínculos com políticos ou autoridades”, com 42,24%; “Deixar de seguir regras devido à pressão das chefias”, com 42,14%; e “Priorizar interesses privados ao invés de interesses públicos nos projetos da organização”, com 37,95%.
O relatório, que teve como objetivo central contribuir para a existência de dados embasados que orientem ações de combate à corrupção e promoção da integridade no setor público, mostrou que houve mudança positiva na percepção dos servidores em relação à incidência de atos indevidos, mas há desafios relacionados à impunidade e falta de uma cultura de integridade nos ambientes organizacionais. A pesquisa teve um total de 3.963 respondentes, em sua maioria (75%) servidores efetivos.
Aumentar o engajamento por parte dos servidores, incentivar a implementação de políticas públicas eficazes e a criação de um ambiente que desencoraje práticas corruptas são algumas das soluções apontadas.
Para o professor Paulo Renato de Sousa, a implementação de políticas públicas bem direcionadas, baseadas em evidências e orientadas pelas percepções daqueles que lidam com o problema no dia a dia é fundamental. “O material traz dados relevantes para subsidiar iniciativas que promovam um ambiente de integridade e conformidade com os normativos vigentes. Com isso, espera-se não apenas avançar no combate à corrupção, mas também fortalecer os valores éticos e o compromisso com o interesse público em Minas e no Brasil”, pontua.
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