Semana de quatro dias promove mais energia e criatividade no trabalho
Depois dos bons resultados dos primeiros testes, em julho haverá um novo piloto para as empresas que quiserem aderir à iniciativa
ShutterstockA semana de quatro dias pode ter vindo para ficar. Pelo menos, é o que pensam os profissionais envolvidos em projeto piloto com 21 companhias brasileiras que adotaram o modelo 100-80-100 – os trabalhadores recebem 100% do salário, trabalhando 80% do tempo, mas mantendo 100% de produtividade. A iniciativa, que já é realidade em empresas do Reino Unido, EUA e Portugal, está sendo testada desde o início do ano no Brasil pelas consultorias 4 Day Week Brazil e Reconnect Happiness at Work.
Os primeiros resultados do projeto são muito positivos, conforme mostra artigo publicado na Forbes. O projeto demonstra melhorias em relação à energia dos profissionais no trabalho (82,4%), execução de projetos (61,5%), criatividade e inovação (58,5%) e redução do estresse (62,7%).
Não ao modelo tradicional
Quem experimentou a semana de quatro dias não quer abrir mão dela. Entre os cerca de 280 funcionários envolvidos no piloto, 26,6% afirmaram que não voltariam a trabalhar cinco dias na semana, independentemente do salário. E 36,8% só considerariam retornar ao modelo tradicional com um reajuste salarial de mais de 50%.
“Vemos gerações que valorizam autonomia, flexibilidade e qualidade de vida. Esses novos formatos trazem uma reflexão de que empresas que não se adaptarem vão perder talentos”, afirma Renata Rivetti, fundadora da Reconnect Happiness at Work.
O artigo sobre a semana de quatro dias divulga as primeiras impressões do piloto, por parte das empresas e dos profissionais.
Impacto no trabalho
- 61,5% observaram melhoria na execução de projetos;
- 44,4% melhoria na capacidade de cumprir prazos;
- 58,5% melhoria na criatividade e inovação;
- 33,3% melhoria na capacidade de angariar clientes.
- Impacto no bem-estar
- 82,4% tiveram mais energia para realizar suas tarefas;
- 62,7% redução do estresse no trabalho;
- 64,9% redução do desgaste no final do dia;
- 67% redução na ansiedade semanal.
Impacto na saúde
- 64,5% reduziram a exaustão frequente por causa do trabalho;
- 46,3% praticaram exercício mais de 3x na semana;
- 27,1% aumento de quem dorme mais de 8 horas por noite;
- 50% redução na insônia.
- Impacto no social
- 78,1% de aumento da energia para família e amigos;
- 57,9% conciliaram melhor a vida pessoal e profissional;
- 85,4% mais colaboração;
- 44% melhoria na relação com o gestor/líder.
Desafio para gestores
Adaptar a rotina de trabalho para uma semana mais curta traz benefícios para os funcionários, mas é um desafio para os gestores. “Redesenhar o tempo dá trabalho”, afirma Rivetti, que acompanhou todo o processo. “Os líderes tiveram o desafio de rever as métricas que tinham no passado e colocar uma lupa nos resultados”, acrescentou a consultora.
Entre as principais dificuldades relatadas pelas empresas estão a gestão de prazos e o equilíbrio entre demandas internas e externas.
Os participantes do piloto passaram por uma fase de planejamento e reorganização da prática de trabalho. O processo envolveu três meses de workshops, sessões de facilitação e mentorias. As companhias trabalham em diferentes modelos (40,2% estão em regime presencial, 34,4% trabalham de forma remota e 25,4% têm modelo de trabalho híbrido) e escolheram o melhor dia para reduzir a semana. A maioria (60,2%) optou pela folga às sextas-feiras, 22,1%, às segundas-feiras, e 12,2%, às quartas-feiras.
Piloto será concluído em junho
As empresas concluirão o piloto no final de junho, quando uma nova pesquisa quantitativa será realizada com todos os colaboradores, além de entrevistas qualitativas com a alta liderança para avaliar o piloto e sondar os próximos passos. “A ideia é refinar os dados e entender, qualitativamente, o que está acontecendo com cada uma das empresas e quais segmentos têm mais dificuldades”, explica Rivetti.
Em julho, será lançado um novo piloto para empresas interessadas em testar a semana de quatro dias.
“A longo prazo, vamos discutir um novo modelo de trabalho. A semana de quatro dias é uma das possibilidades, mas vamos construir modelos flexíveis e novas métricas, para além das horas trabalhadas”, acrescenta a consultora.