Black Friday, a virada
Com propostas de mais transparência e monitoramento em tempo real de preços, lojistas se preparam para o aumento de 15% das vendas
Há oito anos, toda última sexta-feira de novembro dos brasileiros passou a ter nome: Black Friday. Nos Estados Unidos, a tradição de mais de meio século, em pleno dia útil, promove o aquecimento do comércio lojista, a partir de promoções exclusivas para a data. Com o mesmo propósito e formato, o evento avança em solo canarinho, apesar de sua eficiência ainda não ser unanimidade entre consumidores e lojistas. Uma pesquisa divulgada pelo Google apontou que 37% dos compradores ainda não confiam nas vantagens divulgadas pelo comércio. A temperatura também foi verificada pela Varejo s.a., por meio de uma enquete on-line. Em mais de 300 respostas obtidas, 65% disseram desconfiar dos descontos anunciados.
Mas, em corrente oposta ao pessimismo de muitos, o e-commerce nacional destaca-se e tem obtido o maior crescimento no período. De acordo com estimativa do E-bit, para 2018, 84% dos consumidores virtuais deverão ser impactados pela Black Friday nacional, levando a um crescimento de 15% em relação a 2017, quando o faturamento superou R$ 2,4 bilhões, de acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).
Para garantir esses números e melhorar a reputação do evento no Brasil, especialistas, CEOs e executivos de várias empresas dispõem de ferramentas que poderão ajudar compradores e varejistas na adoção de procedimentos mais seguros para as transações de compra e venda. Em entrevista para a Varejo s.a., alguns especialistas apresentaram sugestões e métodos que poderão frear o pêndulo entre confiança e desconfiança e consolidar a Black Friday como uma ação positiva para o mercado consumidor brasileiro.
Black Friday de Verdade

Francisco Cantão, fundador do site Black Friday de Verdade e sócio-diretor da Proxy Media Marketing Digital
Como a ferramenta ajudará o consumidor a certificar-se de que a empresa está comprometida com a Black Friday?
O consumidor é o fator principal de sucesso da Black Friday e sua participação ativa para melhoria da campanha é fundamental para a continuidade sustentável desse evento de vendas. A partir do site, o consumidor poderá analisar se a loja está comunicando corretamente a promoção, além de monitorar e comparar os preços de outras lojas, certificando se é aquele realmente ou se foi feita alguma alteração anterior, para simular desconto. Os recursos para o consumidor favorecerão a continuidade dos bons negócios durante a Black Friday, porque promoverão as lojas que seguem as melhores práticas. Ao aderir, as empresas assinam um acordo com a campanha “Black Friday de Verdade”, se comprometendo a oferecer descontos e promoções reais durante a data, além de cumprir integralmente os termos do Código de Defesa do Consumidor.
Precificação inteligente

Ricardo Ramos, CEO da Precifica, empresa pioneira na tecnologia de precificação inteligente para e-commerce e marketplaces no Brasil
Para o equilíbrio entre estoque e venda, além de assegurar o aumento das vendas durante a Black Friday, como definir o preço ideal?
Os varejistas que participam da Black Friday se planejam para trabalhar com dois tipos de estratégia. A primeira é a oferta de produtos com altos descontos. Na medida em que o prazo da campanha vai se esgotando e o estoque continua alto, a tendência é que o mercado baixe ainda mais os preços, gerando descontos maiores para atrair consumidores. A precificação dinâmica automatiza esse processo de monitoramento do mercado e tomada de decisão diretamente na mudança do preço de venda.
A segunda estratégia está na venda de produtos não anunciados na campanha. Aproveitando o maior tráfego de clientes, o varejista ganha a possibilidade de vender produtos complementares àqueles anunciados, além de expor um maior número de produtos substitutos. A precificação dinâmica é empregada também para determinar o melhor preço de venda desses itens complementares, buscando aumentar a margem em cada venda realizada.
Integração: compra física e virtual

Diogo Lupinari, CEO e cofundador da Wevo, empresa especialista no desenvolvimento de tecnologias para integração em e-commerce e marketplaces
E para o consumidor multicanal, que transita entre loja física e on-line, como poderão ser integradas as operações, preservando a conveniência e a confiança?
O modelo omnichannel, de compra on-line e retirada em loja física, é uma alternativa viável, porque diminui o receio do cliente de não receber o produto a tempo na sua residência. Outro caminho que a integração facilita é a possibilidade de compra a partir de um catálogo virtual. Nesse modelo, a loja física disponibiliza um totem ou PC para o público acessar uma lista de produtos, escolher aquele de sua preferência e fechar a compra em seguida. Dessa forma, ele adquire uma mercadoria que não está propriamente dentro da loja física, mas numa loja on-line, a chamada “prateleira infinita”. Então ele decide se recebe esse produto na sua casa ou se retira no estabelecimento off-line dentro de um prazo específico.