11 set, 2024
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Onde as empreendedoras podem conseguir crédito?

Na semana passada, as participantes do 11º Fórum RME – Rede Mulher Empreendedora conheceram alguns projetos que apoiam o empreendedorismo feminino e criam oportunidades para mulheres por meio do acesso ao crédito. Confira como as empresárias podem fazer para conseguir recurso para investir no seu negócio.

A busca por crédito é uma das grandes dores dos empreendedores, mas para as mulheres empreendedoras o desafio é maior. A maioria empreende por necessidade e não tem as garantias que as instituições financeiras exigem para emprestar dinheiro, lhes restando criatividade, apoio de parentes e amigos e algumas linhas e programas de microcrédito desenvolvidos especialmente para elas.

Na semana passada, as participantes do 11º Fórum RME – Rede Mulher Empreendedora conheceram alguns projetos que apoiam o empreendedorismo feminino e criam oportunidades para mulheres por meio do acesso ao crédito. Eu acompanhei o bate-papo, que contou com a presença de líderes de iniciativas de microcrédito. Confira como as empresárias podem fazer para conseguir recurso para investir no seu negócio.

Fundo Dona de Mim
O Fundo Dona de Mim é uma iniciativa que surgiu durante a pandemia, com o intuito de ajudar, com crédito, mulheres impactadas pela crise econômica provocada pelo Covid-19. “Começamos ajudando 300 mulheres por mês, com foco naquelas que eram Microempreendedoras Individuais (MEI), mas aos poucos fomos percebendo que estávamos errando, não eram apenas as MEI que precisavam do nosso apoio, e então demos um passo atrás”, conta Sonia Hess, uma das criadoras do fundo.

Hoje, a iniciativa busca ajudar as mulheres interessadas em oportunidades, beneficiando empreendedoras de diferentes localidades, classes sociais e condição financeira. “Cada caso é um caso, e nós não podemos deixar nenhuma mulher desamparada. Precisamos cuidar de nós”, afirma a fundadora do projeto.

O Fundo Dona de Mim trabalha um plano de crédito circular, ou seja, quando uma mulher retorna o valor do empréstimo, ele é logo destinado para outra, gerando assim cada vez mais oportunidades. Entre as vantagens, carência de cinco mês para começar a pagar e o valor é parcelado em até 12 vezes.

Na primeira fase, a doação de 62 fundadoras do projeto resultou em empréstimos para 485 mulheres investirem no próprio negócio. Nesta segunda fase, o apoio do Microcrédito Social do Banco BTG Pactual está possibilitando empréstimos de R$ 3.000,00 para até 1.000 outras mulheres.

Estímulo 2020
Assim como o Fundo Dona de Mim, o Estímulo 2020 surgiu durante a pandemia com o princípio de conseguir recursos para evitar o fechamento de micro e pequenos negócios impactados pela crise econômica. Porém, diferente do projeto anterior, o Estímulo disponibiliza recursos para empresas com pelo menos dois anos de mercado. É uma opção posterior para crescimento de um negócio que surgiu a partir de outros fundos, como o Dona de Mim.

Outra diferença é que o Estímulo não é algo exclusivo para as mulheres. “Apesar de não ser único, a maior parte dos nossos clientes são do sexo feminino, representando 53% da parte total. Em relação as classes sociais, 88% são das classes C, D ou E, que são as pessoas que mais precisam do apoio”, aponta Fábio Lesbaupin, diretor do fundo social Estímulo 2020.

O projeto também trabalha com crédito circular e sem fins lucrativos. “Recebemos R$ 60 milhões em doações. Emprestamos, e já viraram R$ 114 milhões nas mãos dos empreendedores. O dinheiro tem florescido onde o colocamos. Então, o valor do empréstimo retorna e é repassado para novas pessoas”, conta o diretor do fundo social.

O valor adquirido junto ao Estímulo 2020 pode ser pago a partir do terceiro mês e parcelado em até 21 vezes.

G&P Finanças para Mulheres Negras
O G&P Finanças para Mulheres Negras surgiu em 2019 com o propósito de levar educação financeira para mulheres negras. Mais de 500 mulheres negras já foram impactadas pela metodologia no Brasil. “Nosso intuito é instruir essas mulheres na melhor maneira, para utilizarem os recursos e melhorarem a suas qualidades de vida”, conta Mônica Costa, criadora do G&P Finanças.

Para Monica Costa, força de vontade, conhecimento e capacidade nunca foram um problema para as empreendedoras. O desafio é conquistar espaço, e a educação financeira pode ser um atalho para chegar ao fim desse caminho. “O empreendedorismo brasileiro é basicamente feminino e negro. Somos nós que mantemos a estrutura. Muitas vezes, pela falta de oportunidades em outros setores, temos que encontrar uma maneira de nos virar”, avalia.

O G&P Finanças busca fazer com que as mulheres negras assumam o protagonismo da própria história e, por meio de cursos, palestras e workshops, tem ajudado as participantes a ressignificarem o uso do dinheiro, tornando-o em aliado para a conquista de uma vida mais plena.

Edição: Fernanda Peregrino