Gestão no agronegócio é carreira promissora
Esta atividade econômica se expande no país, representando 24,1% do PIB, e há demanda de profissionais bem preparados para executá-la
ShutterstockO agronegócio está cada vez mais promissor no Brasil, abrindo muitas oportunidades para quem deseja atuar no setor. O crescimento da atividade baseia-se na premissa de que todos precisamos comer e é preciso gerenciar o que vai do campo à mesa, garantindo a segurança alimentar e também a sustentabilidade ambiental de toda a cadeia. Neste cenário, a Gestão no Agronegócio torna-se cada vez mais necessária, com muitos estudantes investindo nesta formação, seja em caráter de técnico ou tecnólogo, bacharelado ou pós-graduação, pois as possibilidades de empregabilidade são altas.
Segundo o blog Rehagro, especializado em agronegócios, levantamentos feitos pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), demonstram que o agronegócio representou 24,1% do PIB brasileiro em 2023. No acumulado de 2023, o superávit comercial do agronegócio somou US$ 146,41 bilhões, conforme divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Mas, cada vez mais é preciso aperfeiçoamento para garantir a competitividade do setor. A preservação ambiental e a necessidade de redução de emissões tornam necessário um aumento de produtividade nas fazendas, que precisam garantir a mesma produção (ou aumentá-la) sem desmatar novas áreas. Isso, inclusive, é um diferencial para as exportações, visto que a tendência global é de que os países passem a importar somente produtos agropecuários que não tenham causado danos ao meio ambiente. Nos países que integram o bloco da União Europeia, o veto por desmatamento começa no final deste ano. Daí a relevância de uma gestão mais eficiente e preparada para os desafios do setor.
Atividade emprega 1 em cada 3 trabalhadores brasileiros
A importância do agronegócio na sociedade brasileira não para por aí. Segundo a Fundação Roge, baseada no site Agro em Dia, a População Ocupada (PO) no setor somou 18,2 milhões de pessoas entre 2017 e 2018, conforme pesquisas do Cepea. Dados mais atuais do próprio Cepea mostraram que, em 2021, o agronegócio já empregava 1 em cada 3 trabalhadores brasileiros, em diversas áreas de atuação.
Mas há capacitação no mercado suficiente para atender a tantas demandas na área de Gestão no Agronegócio? A empresa de recrutamento Michael Page acha que não. Em sua avaliação, o Brasil tem uma capacidade de formação sólida no setor do ponto de vista acadêmico e técnico, mas sempre se mostrou carente de executivos que trariam inovações, principalmente nas funções de suporte às áreas como Finanças, RH, Tecnologia da Informação (TI) e supply chain. Apesar do movimento de profissionalização do setor, esta carência de profissionais ainda faz as empresas buscarem executivos de outras áreas para melhorar a performance.
Outro fator de crescimento do agronegócio, diz a Michael Page, está na ligação entre o setor, que demanda capital intensivo e crédito, e o mercado financeiro. Com os fundos e investidores capitalizados, a taxa de juros Selic em baixa e a pulverização dos investimentos para o varejo, o ambiente está muito receptivo a estas operações financeiras, impulsionando o agronegócio a se adequar às melhores práticas de gestão para aproveitar a alavancagem de crescimento.
Mas que características deve ter quem deseja trabalhar em Gestão no Agronegócio? O perfil ideal de aluno que deseja trilhar esta carreira é aquele que combina a paixão pela produção agrícola, o interesse por gestão e negócios, bem como habilidades analíticas e capacidade de resolução de problemas. Deve ter interesse por agricultura, pecuária, florestas, pesca e aquicultura, por exemplo, mas também deve gostar de administração, economia, contabilidade, tecnologia, marketing, logística e máquinas agrícolas. Além disso, deve ter habilidades analíticas, capacidade de resolver problemas e pensamento crítico.
Três setores da economia
As atividades do agronegócio exploram diversos âmbitos da gestão: gestão financeira, gestão administrativa, gestão comercial, gestão de marketing e gestão de pessoas e equipes. Em termos de viabilidade econômica, o agronegócio abrange basicamente três setores da economia:
1. Produção no campo (setor primário);
2. Produção das agroindústrias e indústrias de insumos (setor secundário);
3. Transporte e comercialização de bens (setor terciário).
Tipos de formação
O mercado de trabalho ligado à Gestão no Agronegócio pode envolver tanto a formação em nível superior, quanto o curso de tecnólogo, nas modalidades presencial ou EAD. O Bacharelado proporciona uma formação abrangente, combinando teoria e prática. As disciplinas vão desde finanças agrícolas até estratégias do mercado agropecuário. Já o ensino em nível de tecnólogo envolve uma formação mais curta, mais prática e direcionada: os estudantes adquirem conhecimentos ágeis sobre logística, cadeia de suprimentos e tecnologias aplicadas ao agronegócio, saindo preparados para enfrentarem desafios imediatos do setor.
O investimento em formação parece estar trazendo bons resultados para o mercado. Pelo menos é o que comemora a Barenburg do Brasil, líder em soluções forrageiras – alimento para o gado – tecnológicas. A empresa atingiu aumento no faturamento de 30% entre 2019 e 2020, o que atribui aos aportes em treinamento de pessoal.
“Fizemos os maiores investimentos em ampliação, capacitação e desenvolvimento de nossos talentos. Ampliamos nossa equipe comercial trazendo e promovendo profissionais altamente engajados com nossa cultura. Trabalhamos na gestão de pessoas com diretrizes claras e processos robustos que, alinhados a um forte engajamento e disciplina, nos possibilitou um avanço de nossa equipe comercial”, explica o Gerente Comercial da empresa, Tiago Quinteiro.
Quais são as demandas do mercado?
Diante da atual expansão do mercado de trabalho ligado à Gestão no Agronegócio, a Michael Page destaca três tendências de recrutamento de profissionais no setor.
1. Tendência pelo recrutamento de profissionais da área técnica e de vendas especializados, com muita profundidade na área de atuação. Com estes perfis, segue-se a rota de expansão da tecnologia no setor. Estes profissionais são capazes de alavancar as áreas de negócios, melhorar performance operacional, além de trabalhar, desenvolver e registrar novos produtos no país.
2. A contratação de perfis para as áreas de suporte (Finanças, RH, TI, Compras e outras). Há a busca por aprofundar a qualidade técnica das divisões, por meio de profissionais com o perfil de especialista para temas mais sensíveis de cada estrutura. Por outro lado, com menos gestores, as cadeias de gestão têm se sêniorizado, buscando profissionais mais experimentados.
3. Há demanda por executivos de C-level e conselheiros, para caminhar com o processo sucessório e a melhoria da governança corporativa de empresas familiares. Há uma nova maturidade do ambiente, tanto do lado das famílias quando dos executivos, visando capturar o melhor do conhecimento da empresa, com o oxigênio de uma gestão profissional.