Nuvem: sua empresa ainda vai migrar para uma
Porque a migração dos dados e processo do seu negócio vão, mais cedo ou mais tarde, para algum servidor em nuvem

Entenda porque a migração dos dados e processo do seu negócio vão, mais cedo ou mais tarde, para algum servidor em nuvem

A computação em nuvem, em inglês cloud computing, se refere a utilização de softwares diretamente pela internet, ou seja, sem a necessidade de instalação no computador local. O caso mais óbvio da computação na nuvem no varejo é o e-commerce, que sem as limitações de espaço para receber os clientes e armazenar estoques das lojas físicas, utilizam da elasticidade e da flexibilidade do mundo em nuvem para ampliar o seu raio de ação, sem limitações geográficas e de horário de atendimento.
Mas a computação também serve ao varejo tradicional e vai se transformando em solução não só para atacar os problemas de custo e espaço físico, mas também servir como proteção para contratempos sazonais, como é o caso da crise energética, que causa muitos prejuízos no setor de comércio e serviços. O servidor do escritório, por exemplo, aguenta ficar um dia inteiro sem energia elétrica?
Este e muitos outros pontos foram tratados em um entrevista da Varejo S.A com Guilherme Barreiro, diretor geral da Nextios, a unidade de negócios do Grupo Locaweb. Confira a entrevista.
Explique para nossos leitores o que é essa tal nuvem que tanto falam por aí
A nuvem, ou computação em nuvem, é uma modernização da forma como gerenciamos um ativo de tecnologia. Antes da computação em nuvem, um empreendedor que quisesse ter um sistema de gestão de sua loja, seu restaurante, etc., precisaria imperativamente comprar um hardware como um servidor, e instalar a aplicação nele. Com a nuvem, você deixa de se preocupar com o ativo físico e pode instalar sua aplicação em um servidor dentro de um provedor de nuvem. Ao invés de se ter um ativo dedicado para você, você compartilha o poder computacional deste servidor com outros usuários, diminuindo ociosidade e pagando por somente aquilo que você consome.
Não é um risco hospedar toda a memória, arquivos e dados de uma empresa em um espaço que ninguém tem controle? Existe algum mecanismo de preservação de dados?
Na verdade, o risco existe em não usar a nuvem. Imagine que este mesmo estabelecimento, que tinha seu servidor com sua aplicação e dados todos lá dentro, sofra algum problema de infraestrutura (descarga elétrica que queima o equipamento, problemas gerais que façam com que o servidor não ligue mais): a consequência neste caso seria o estabelecimento perder todos os seus dados e a sua aplicação, como se você perdesse todo seu histórico. Se o estabelecimento tivesse, pelo menos, algum backup, ele não perderia o histórico de dados, mas levaria um grande tempo para recuperar o seu negócio, pois precisaria comprar outro servidor, reinstalar a aplicação, restaurar o backup, etc. Na nuvem, isso deixa de ser uma preocupação, pois você tem essa proteção já como padrão. Pense que o foco do negócio de uma loja, de um restaurante, não é infraestrutura e sim as suas vendas, seus produtos. Já um provedor de computação em nuvem, tem como core business, negócio principal, a disponibilidade de serviços, a resiliência de sua infraestrutura, a garantia de preservação dos dados e a segurança dos mesmos. Estes provedores investem muito dinheiro nisso para que seus clientes não tenham a necessidade de fazê-lo. Por isso, confiar na nuvem é o caminho.
Como essa tecnologia pode ser aplicada especificamente para as atividades do setor de comércio e serviços? Ou isso não faz diferença?
Não existe um setor específico que se beneficie da nuvem mais ou menos que outros. Na verdade, existem características dos mercados de comércio, por exemplo, que podem ter muitas vantagens usando cloud quando comparado com o próprio servidor no escritório. Exemplo é a Black Friday que está por vir agora: um comerciante que possui uma infraestrutura de um servidor de aplicação e que funciona bem durante o ano todo, na Black Friday vai ter mais demanda. Nesse caso, ele precisaria talvez comprar mais um servidor para ajudá-lo somente na Black Friday e, assim, dar vazão às demandas, mas esses servidores talvez fiquem ociosos pelo restante do ano.
Muitos associam o serviço de nuvem a um atendimento em alta escalabilidade. Como o pequeno varejo pode usar essa ferramenta?
A nuvem é bem democrática. Temos clientes de diversos tamanhos. Para as empresas pequenas, a nuvem faz até mais sentido pois, se o seu negócio crescer, ele escala facilmente e, caso dê errado, ele para tudo, apaga, cancela e começa de novo ou até encerra o projeto.
O custo de implementação desse serviço é muito alto? Você pode dar uma estimativa do investimento para pequenas, médias e grandes empresas?
Uma das grandes diferenças entre a nuvem e o próprio servidor é exatamente isso: Implementação. É muito mais simples implementar cloud pública: com poucos cliques você consegue “subir” uma infraestrutura mínima de servidor na nuvem com Sistema Operacional instalado e toda uma proteção. Se você for fazer isso em servidor próprio levará muito mais tempo. Usualmente em clientes de médio e grande porte, a implementação da nuvem é 35% mais simples e mais barata que em um servido próprio.
É comum as pessoas pensarem em exposição de dados e materiais sensíveis em um ambiente de nuvem. Muita gente acha mais seguro manter seus arquivos em um servidor próprio.
Aqui há um paradigma grande e talvez exacerbado pelas notícias de vazamentos de dados que acabam gerando preocupação, mas é mais seguro você deixar seu arquivo na nuvem. Falo por duas perspectivas, e agora vou sair do mundo do servidor e entrar no mundo do usuário mesmo: você ter seu arquivo/sua planilha no Onedrive, por exemplo, é muito mais seguro do que deixá-lo no seu HD/PC/Laptop localmente: primeiro, na perspectiva de segurança pois, no Onedrive, somente você com seu usuário e senha terá acesso a sua planilha. No seu HD, caso você seja invadido e tenha um Malware/Ramsonware que acesse essa planilha, você pode tê-la facilmente descoberta. Na perspectiva de disponibilidade, você acessa o arquivo de onde quiser e na hora que quiser, além de poder restaurar versões caso ela tenha problemas. Se você tiver problemas com o seu HD, terá que talvez buscar um Backup de alguma data ou até recriar a mesma.
Com a crise energética e risco de apagões, muita gente tem falado no uso dos serviços de nuvem. Como essa tecnologia pode ajudar em um momento como esse?
Neste cenário, a computação em nuvem pode ajudar – e muito – as empresas. Os fornecedores deste tipo de tecnologia estão preparados para estas oscilações, com estruturas que contam com geradores capazes de suportar o tempo que for sem energia elétrica e com grandes reservatórios de água para o resfriamento dos sistemas. E é normal este preparo, afinal o negócio principal destas companhias é fornecer este tipo de tecnologia, e é fundamental que ela esteja online o tempo todo. Já outros negócios, como uma loja de porcelana, por exemplo, o core business dela não é este, é comercializar porcelana. Provavelmente ela não possua um sistema de TI resiliente. Porém, sem este sistema, pode ver o seu negócio principal ruir em poucos dias. Por isso a importância de se ter parceiros estratégicos, especialistas em cada parte do seu negócio – seja em logística, fornecimento de produtos para venda ou em cloud computing.
Agora, seja sincero: qual a desvantagem desse serviço em relação aos servidores tradicionais? E qual a principal vantagem?
Honestamente é difícil achar o que é ruim deste modelo. Na verdade, tudo depende da maturidade e do objetivo principal que se busca. Se você tem uma infraestrutura super antiga, com aplicações que são de vários anos atrás e que só funcionam em sistema operacional antigo, ir para nuvem vai ser um desafio. Porém, se você mantiver todo esse ambiente obsoleto, você corre risco de ficar para trás no seu mercado e até de ter problemas de segurança devido a vulnerabilidades não mais cobertas pelos fabricantes. Portanto, o movimento de atualizar terá que ser feito: a nuvem, que seria um desafio, pode passar a ser sua única solução. Portanto, depende da perspectiva e de qual dor você quer endereçar. Gosto de reforçar aqui uma questão que é temporal mas não condicional: a questão não é se faz sentido você ir ou não para a nuvem, mas quando você vai.