13 maio, 2025
0 ° C

Medidas para desacelerar o aquecimento global

O encontro é visto como crucial na busca por medidas que desacelerem o aquecimento global.

ONU espera que Glasgow seja “um ponto de virada” para um mundo mais seguro e verde para futuras gerações (Foto: Unsplash/Stephen O’Donnell)
O encontro é visto como crucial na busca por medidas que desacelerem o aquecimento global

Começou ontem (31) em Glasgow, na Escócia, a COP26 (Conferência das Partes), encontro anual promovido pela ONU (Organização das Nações Unidas) e que reúne 197 nações para discutir as mudanças climáticas. Participam da reunião líderes mundiais, empresários, negociadores, ativistas e jornalistas, que discutem até 12 de novembro os novos compromissos para combater ao aquecimento global e proteger o planeta. Cerca de 25 mil pessoas são esperadas na cidade escocesa, ao longo de todo o evento.

O encontro é visto como crucial na busca por medidas que desacelerem o aquecimento global, sobretudo depois que o IPCC (Painel Intergovernamental sobre o Clima da ONU) divulgou relatório, em agosto, mostrando como o planeta está esquentando mais rápido do que o previsto em função da ação humana. O IPCC é uma iniciativa do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente).

Em 2015, por meio do Acordo de Paris, os países signatários já haviam se comprometido a conter a alta da temperatura da Terra, com limite de +1,5 grau Celsius, em comparação com os níveis pré-industriais. No entanto, o levantamento do IPCC indica que o marco de 1,5 grau será atingido ou ultrapassado já nos próximos 20 anos. A pesquisa aponta para um aquecimento global de 2,7 graus Celsius até o fim do século.

Isso significa que se as emissões de gás carbônico (CO₂) não forem reduzidas rapidamente e em larga escala, os resultados serão catastróficos para o planeta e, consequentemente, a humanidade.

Cada nação é responsável por fixar as suas próprias NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), que nada mais é que as metas de redução de emissões de CO₂ e outros gases causadores do efeito estufa. Pelo Acordo de Paris, os países devem atualizar suas NDCs a cada cinco anos, com isso, a última atualização deveria ter ocorrido em 2020, mas ficou para 2021, também por causa da pandemia. Porém, as novas metas apresentadas até agora não são suficientes para desacelerar o aquecimento global.

A expectativa é que sejam apresentados os planos de redução de emissões de CO₂ por cada país
Foto: Chris Dorney/Shutterstock

O que estará em pauta?
A expectativa é que sejam apresentados os planos de redução de emissões de CO₂ por cada país e que sejam definidas medidas em relação a: disseminação mais rápida do uso dos carros elétricos e de painéis solares; eliminação mais ágil da energia a carvão; e redução do desflorestamento. Espera-se também que os países pobres – os primeiros a serem impactados pelas mudanças resultantes do aquecimento global, provocado majoritariamente pelos países ricos – peçam dinheiro para compensar e financiar as adaptações necessárias às mudanças climáticas e para tornar suas economias mais verdes.

Além disso, vão ser objetos de debate os sistemas de mercado de carbono e de créditos de carbono, que são mecanismos que permitiriam a poluidores pagar por suas emissões e a empreendimentos verdes receber por “créditos de carbono”.

Setor produtivo
Para ter uma ideia do tamanho do desafio, só o setor de logística global emite mais de 3,5 gigatoneladas de CO₂ a cada ano. De acordo com a ALICE (Alliance for Logistics Innovation through Collaboration in Europe), 8% das emissões globais de CO₂ vêm das operações da indústria global de logística de transporte. Destes, 62% das emissões são geradas pelo transporte terrestre, enquanto a modalidade oceânica contribui com 27% e a aérea soma 6%; a ferrovia contribui com 3%.

De acordo com Suelma Rosa, head de Assuntos Corporativos, Governamentais e de Sustentabilidade da Unilever, “os problemas climáticos são de todos. A transformação para uma economia de baixo carbono não é mais só uma questão de ativismo, mas de ciência e de sobrevivência do planeta, das pessoas, dos negócios e das empresas”, alerta.

No Brasil, um grupo com mais de 100 empresas e 10 entidades setoriais firmaram o documento “Empresários pelo Clima”, no qual defendem medidas para uma economia de baixo carbono e assumem responsabilidades nessa transformação. O posicionamento está sendo levado para Glasgow pelo CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), em parceria com outras entidades do setor. O Conselho representa cerca de 80 grupos empresariais com atuação no Brasil, responsáveis por 47% do PIB brasileiro e 1,1 milhão de empregos.

Dentre as medidas propostas no documento destaca-se o apoio à proposta de mercado de carbono regulado no Brasil. Estudo desenvolvido pelo CEBDS aponta que esse mercado pode atingir entre R$ 200 milhões e R$ 300 milhões na sua fase inicial (2022-2024), com transações de direitos de emissão e créditos de carbono.

“Nós não só sabemos combater as mudanças climáticas como já temos as soluções. O setor empresarial brasileiro tem adotado ações corporativas concretas, como o preço interno de carbono e as metas de neutralização, assim como está liderando iniciativas de políticas climáticas públicas com instrumentos de mercado e inclusão social. A COP 26 é uma oportunidade para compartilhar esse comprometimento e reforçar nosso engajamento mundial”, destaca a presidente do CEBDS, Marina Grossi.

A disseminação mais rápida de fontes limpas de energia será discutida pelos líderes mundiais

De olho na neutralidade em carbono
Aumento da eficiência energética, investimento em fontes limpas e engajamento em projetos sustentáveis são alguns dos caminhos que o setor privado pode tomar para buscar a neutralidade em carbono, ou seja, reduzir os impactos de suas atividades no meio ambiente e no aquecimento global.

Conheça três caminhos que ajudam na busca pela neutralidade de carbono:

  1. Mais eficiência energética: uma das melhores formas de cortar a maior parte de suas emissões de gases de efeito estufa é investir em eficiência energética e aumentar o uso de fontes renováveis. A simples troca de lâmpadas incandescentes pelas de LED é uma maneira de começar este processo.
  2. Fontes limpas de energia: busque substituir o uso de combustíveis fósseis por energias renováveis, como a solar ou eólica, que não eliminam gases responsáveis por agravar o aquecimento global. Uma opção é adquirir uma frota de veículos elétricos ou fazer entregas de bicicleta, cortando suas emissões de carbono, por exemplo, ou buscar a instalação de painéis de energia solar.
  3. Mercado de carbono: os créditos de carbono já são uma realidade para as empresas, sobretudo as de maior porte. Neste caso, elas podem comprar crédito de negócios ou países que têm contribuído de alguma forma para redução de emissão de gases poluentes na atmosfera, como a preservação de florestas. Outra opção é financiar ou colaborar com projetos sustentáveis, como aqueles que promovem a instalação de equipamentos para geração de energia solar ou eólica.

Com informações da BBC Brasil, Época Negócios e da InfoMoney.