19 abr, 2024
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Mercado de carbono: um negócio de US$ 100 bilhões/ano

Os líderes de quase 200 nações presentes na COP26 definiram as regras para o mercado global de carbono

Os líderes de quase 200 nações presentes na COP26 (Conferência do Clima das Nações Unidas) definiram, no último final de semana, em Glasgow, na Escócia, as regras para o mercado global de carbono, possibilitando que países onde existam grandes áreas de absorção de CO2, como a Amazônia, possam negociar títulos com nações poluentes, que precisam compensar o excesso de emissões na atmosfera.

Apesar de o acordo final do evento internacional ter ficado aquém das expectativas na luta contra a catástrofe climática, a regulamentação do mercado de carbono é considerada uma conquista importante na luta contra o aquecimento global e era prevista desde o Acordo de Paris, em 2015. “O Brasil será grande exportador de crédito de carbono”, disse o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que chefiou a delegação brasileira na COP26.

O Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), entidade que reúne quase metade do PIB brasileiro, comemorou a criação do mercado global de carbono. “A regulamentação do mercado global de carbono mostra que o caminho para aumentar ainda mais a ambição climática passa também pela utilização de instrumentos de mercado, afirmou o grupo em nota, acrescentando: “a decisão cria uma oportunidade para o setor empresarial se engajar no comércio global de emissões rumo à neutralidade climática”.

Hoje, alguns países têm seus mercados internos regulamentados e outros operam com mecanismos voluntários, como é o caso do Brasil. O mercado de créditos de carbono funciona como um estímulo financeiro para que as grandes emissoras de gases estufa (companhias) poluam menos. Tim Adams, diretor-executivo do Instituto de Finança Internacional (IIF, sigla em inglês), disse à rede CNBC que o mercado de crédito de carbono voluntário tem um “elevado potencial de crescimento”: o setor poderia chegar a US$ 100 bilhões ao ano, até 2050.

Bruno Sindicic: “independentemente do tamanho, a empresa deveria ter dentro de seus valores a preocupação ambiental”

Empresas sustentáveis
Para Bruno Sindicic, CEO da startup de alimentos Olga Ri, adotar medidas sustentáveis não é mais uma opção para as empresas. “Hoje, diante deste cenário, adotar medidas sustentáveis não deveria ser opcional. Independentemente do tamanho, a empresa deveria ter dentro de seus valores a preocupação ambiental e com a comunidade em que está inserida”, afirma.

Segundo ele, uma boa forma de os negócios se tornarem sustentáveis é adaptar os seus produtos e serviços, tornando-os menos danosos ao meio ambiente. “As empresas devem estar atentas às inovações a fim de tornar seus produtos e serviços mais sustentáveis, principalmente no que diz respeito à emissão de gases de efeito estufa”, destaca Bruno Sindicic.

A startup de alimentos opera a partir de cloud kitchens, entregando saladas para clientes residenciais e corporativos. O CEO diz que a sustentabilidade ambiental é um dos valores centrais da empresa, ao lado da diversidade e da busca por qualidade. “Chamamos o nosso compromisso com a sustentabilidade de ‘Verdes na Atitude’ e entendemos que não basta ter apenas um discurso sustentável, é preciso ter uma prática e fazer escolhas que vão nesta direção”, explica o empreendedor.

Pegada sustentável
A empresa seleciona com cuidado todos os seus fornecedores, que também precisam estar alinhados ao seu posicionamento socioambiental. Também faz a correta compensação das embalagens plásticas e de papel que colocam no meio ambiente. Atualmente, a Olga Ri compensa 200% de suas embalagens.

“A Política Nacional de Resíduos Sólidos exige que cada empresa faça a compensação ambiental de pelo menos 22% das embalagens utilizadas. Nosso compromisso é quase 10 vezes mais ambicioso do que isso. A cada salada vendida, a gente retira do meio ambiente e recicla o dobro de plástico e papel que geramos em nossa operação”, conta Bruno Sindicic.

A startup é certificada pelo selo Eu Reciclo, por meio do qual financia cooperativas de reciclagem para que elas possam retirar do meio ambiente os resíduos de plástico e papel, dando vida nova a esses materiais.

A Olga Ri ainda faz uso de embalagens biodegradáveis para os bowls de saladas e embalagens de papel para as sopas. De acordo com o CEO, 60% da resina plástica usada nas embalagens da marca vem de origem reciclada. Além disso, seu cardápio não possui pratos com carne vermelha, a fim de reduzir suas emissões de carbono. Estima-se que, no mundo todo, o rebanho bovino produza cerca de 9% dos gases de efeito estufa, segundo a Animal Business Brasil.

“Faz parte ainda das nossas estratégias de sustentabilidade o esforço de usar os alimentos de maneira integral, reduzindo o desperdício em nossas cozinhas e aproveitando ao máximo o que cada ingrediente pode oferecer em termos nutricionais e alimentares”, conta Sindicic.

O negócio de cloud kitchens conta com o apoio da Infineat, que mapeia as cozinhas onde têm sobra de alimentos, a fim de evitar o desperdício, e coleta e distribui essas comidas entre os que estão passando fome.

Gestão de resíduos
Já a parceria com A MUSA, startup de tecnologia de gestão de resíduos, possibilita que a Olga Ri colabore para o reuso inteligente de resíduos. Através de um modelo simplificado de descarte e usando transportadores especializados, realiza a coleta do material descartado e, em seguida, encaminha para os recicladores de cada tipo de lixo. Desta forma, os resíduos orgânicos geram adubos, os rejeitos geram energia e o lixo reciclável vai para cadeia de reciclagem, ou seja, nada vai parar em aterros sanitários.

“O reuso inteligente dos resíduos contribui para a preservação do planeta e fortalece a economia. Em um cenário de forte mudança climática e com o esgotamento de recursos naturais, entendemos que não evoluir a forma como lidamos com o nosso lixo significa atrasar a evolução do mundo”, ressalta Bruno Sindicic.

Com informações da Revista Exame e da Época Negócios.