Movimento Varejo

Preferência por marketplaces deve crescer

Para entender as transformações que o varejo está vivenciando, um bom caminho é mapear os principais pontos de tensão do setor. Foi o que fez o estudo Future of Retail 2021, realizado pela Euromonitor a pedido do Google. Segundo o levantamento, nos próximos anos os espaços exclusivamente físicos seguirão sendo a base do varejo brasileiro, mas terão uma redução significativa em sua contribuição para as vendas, passando dos 71%, em 2019, para 58%, em 2025. Isso significa que 42% das vendas do varejo no Brasil virão de empresas com algum tipo de presença online.

“Este processo de digitalização atraiu novos consumidores: cerca de 2 em cada 10 brasileiros conectados à internet fizeram sua primeira compra online em 2020. E quando se olha para os mais jovens este número é maior ainda: 26% são da Geração Z, que entra para o consumo já na ativa digital”, complementa Samuel Moreschi, gerente de pesquisa e insights do Google.

Marketplace
O estudo aponta ainda que hoje 85% das vendas ocorrem nas lojas físicas, mas nos próximos anos haverá um forte crescimento dos varejistas mistos, ou seja, o fortalecimento de empresas do varejo com uma significativa presença física e também uma parcela expressiva de suas receitas vindas do online. Crescerá ainda o número de empreendimentos que desenvolvem marketplaces para terceiros venderem.

“Nos próximos cinco anos, a nova cara do varejo será com uma maior presença de varejistas marketplaces e mistos; e menor expressividade daqueles que são exclusivamente físicos. Os sites e apps dos varejistas marketplaces saem na frente, uma vez que os consumidores confiam mais nas avaliações realizadas nestes canais do que nos sites e apps das marcas tradicionais”, explica Marília Borges, consultora da Euromonitor.

O uso dos marketplaces tende a crescer ainda mais: 58% dos consumidores que não usam este tipo de sites/apps declaram que nos próximos anos vão começar a usar; e 64% dos consumidores atuais destes sites/apps afirmam que o seu uso deve aumentar.

Físico x digital
De acordo com o levantamento da Euromonitor/Google, 8 em cada 10 consumidores gostam de comprar tanto online quanto em lojas físicas, ou seja, compram onde tiver a melhor oportunidade de negócio, não importando o canal e a plataforma. Isso porque, para as novas gerações, não há contradição entre o mundo físico e o digital. No entanto, a possibilidade de poder ver e tocar o produto antes da compra e poder levar na hora são os principais motivadores para realizar suas compras na loja física. Já na compra digital imperam o preço mais baixo, frete grátis e a variedade.

“A nossa pesquisa mostra que o consumidor pós-pandemia continua com um forte driver por preço: para 7 em cada 10 brasileiros este é o critério de escolha mais importante. E este deve ser um fator atrelado ao crescimento dos marketplaces, que além dos preços competitivos, entregam também uma boa experiência e uma ampla variedade de produtos, que são justamente o segundo e o terceiro critério no ranking de escolhas”, destaca Samuel Moreschi.

Nativos digitais
Segundo Andrea Bisker, CEO e Head Brasil da Consultoria de Tendências Stylus Spark:off, um dos desafios das empresas do setor é compreender que, para a Geração Z, não há barreiras entre o físico e o digital, e a vida digital e a física estão entrelaçadas. Diante disso, o e-commerce passa a ser classificado apenas como commerce, ou seja, o comércio eletrônico não tem diferença do comércio.

“Os superserviços são uma estratégia que ilustra bem esta tendência, que são serviços com altíssimo nível de atendimento que o consumidor espera receber em qualquer ponto de contato com a marca, inclusive em casa. Algo como o serviço Turbo do Rappi, que anunciou a criação de 26 dark stores – espalhadas pelas capitais brasileiras – que realizam entregas em até 10 minutos de produtos nas categorias conveniência e premium. É muito pouco tempo”, destacou Andrea Bisker, acrescentando: “as flag ships (lojas bandeiras) das marcas estão se tornando espaços que combinam elementos físicos e digitais e também de redes sociais”.

Experiência de consumo
As lojas físicas deixam de ser espaços de exposição de produtos, e ganham a função de promover experiências de consumo junto à clientela. A pesquisa identificou que 87% dos consumidores brasileiros compram em lojas que promovem experiências engajadoras.

A Balenciaga, empresa espanhola de moda, é exemplo de empresa que tem promovido experiência inovadora focada no público jovem. Inovou ao lançar o game After World – The Age of Tomorrow, em dezembro de 2020, para atrair os nativos digitais nada interessados nos desfiles tradicionais de passarelas. Ambientado em 2031, o jogo começa dentro de uma loja da marca espanhola, localizada em um bunker subterrâneo. Para realizar os desafios do jogo, primeiro o jogador tem que vestir seu personagem com os últimos lançamentos da marca, e desta forma tem a oportunidade de provar os looks ousados e modernos da Balenciaga, e ficar com um gostinho de quero mais.

“A Balenciaga conseguiu transportar os jovens para um mundo metaverso e digital e também fazer com que eles na vida real interagissem com a marca, que está atenta a esta geração conectada ao universo digital”, esclarece Andrea Bisker.

Ouça o podcast Commerce Connections On Air e confira todos os dados da pesquisa.

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